terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Cine São Luiz passa por testes



Após uma série de mudanças, o São Luiz abre as portas a partir de hoje. A alteração que interessa diretamente ao público diz respeito à programação, que ainda não está completamente definida. Até sexta-feira haverá sessões gratuitas, às 19h, em regime de teste, para até 500 pessoas.

A bilheteria abre às 17h para a retirada de senhas, por ordem de chegada. O filme inaugural será Baile perfumado. Antecede o curta Nossos ursos camaradas. Anunciado para esta sexta, o longa Lula - o filho do Brasil deve chegar ao São Luiz no dia 22. O atraso preservará o lucro dos cinemas comerciais. Caso o São Luiz insista na ideia de exibir filmes do circuitão, uma sala de 900 cadeiras com ingresso a R$ 4 pode ser uma ameaça. O homem que engarrafava nuvens, de Lírio Ferreira, está na pauta.

A volta soft open do São Luiz é questão de honra para a Fundarpe, que coloca o cinema para funcionar na data prometida, mesmo que sem condições para tanto. A começar pela sub-estação elétrica, que entrou em pane nodia 28 de dezembro e ainda não foi reparada. Assim como a sessão inaugural, as desta semana serão movidas a gerador de energia. Fora do horário dos filmes, o São Luiz continua no escuro, à espera de uma peça que resolverá o apagão. Além disso, com exceção do projecionista, não há pessoal específico para trabalhar no cinema. Não há ao menos bilhetes para serem vendidos. Nesses primeiros dias, senhas serão distribuídas ao público por funcionários, que também farão a limpeza e a segurança.

Nada disso é de estranhar, considerando o histórico de atrasos, conflitos e improvisos que têm marcado a reinauguração do São Luiz. Inicialmente anunciado para o dia 9 de dezembro, o cinema foi inaugurado, somente para convidados, no último dia 28. Não por restrições na agenda do governador ou porque os Irmãos Luimére fizeram a primeira projeção da história neste dia, como a assessoria de imprensa da Fundarpe justificou. Simplesmente a reforma não estava pronta.

Capítulo à parte foi o embate entre Lula Cardoso Ayres Filho - até então tido como curador do São Luiz - e Luciana Azevedo, presidente da Fundarpe. Sem sequer ter assumido a função, Ayres permanece afastado do cinema que ajudou a restaurar. "Me senti usado. Depois que as licitações estavam prontas, fui gradativamente sendo afastado do projeto. Assinei um contrato de gestão cultural que vale até 19 de fevereiro, mas até agora ninguém me procurou para dizer nada".

Em resposta ao silêncio, Ayres faz questão de dizer que sua divergência com a Fundarpe é conceitual. "Sonhei em trazer de volta o verdadeiro São Luiz, não só em sua forma física, que servirá de palco das ações da Fundarpe. Primeiro eles queriam inaugurar o cinema com o Festival de Vídeo. Depois, era com a Conferência Estadual de Cultura. Eu me opus a isso, porque antes de tudo, o São Luiz precisa retomar sua identidade".

No último dia 30, data em que o Diario de Pernambuco publicou entrevista em que Ayres denuncia o escanteio, um comunicado oficial foi enviado à imprensa pela Fundarpe, anunciando a criação de uma curadoria coletiva. Na primeira reunião, semana passada, o grupo declinou da função. Optou pelo caráter consultivo. A escolha e disposição dos filmes agora fica na mão da coordenadoria de cinema da Fundarpe, avalizada pelo conselho consultivo.

Presidido por Carlos Carvalho (diretor de Políticas Culturais) e Carla Francine (coordenadora de audiovisual), o conselho consultivo será formado por doze entidades ligadas ao audiovisual e terá reuniões mensais para discutir as diretrizes não somente do São Luiz, mas dos demais cinemas geridos pelo Estado. Fazem parte da comissão Isabelle Cribari (Fundaj), Paulo Cunha (UFPE), Osman Godoy (Fórum do Audiovisual), Cynthia Falcão (ABD-Apeci), Gê Carvalho (Fepec) , Andréa Mota (Cine Escola), João Jr. (ABPA), Adelmo Aragão (Diretor de Difusão Cultura da Fundarpe) e Geraldo Pinho (Mispe). Não há representantes da prefeitura do Recife.

Uma das primeiras ações do comitê foi nomear Geraldo Pinho como consultor técnico e Cristiano Régis como gestor administrativo. "O trabalho derestauração está muito bem feito. O São Luiz está um brinco. Agora precisamos criar uma rotina de cinema, estudar a dinâmica do centro e fazer do São Luiz o cinema que a cidade merece", diz Pinho.


Programação

Terça-feira (12)
- Nossos ursos camaradas (2009, 12 minutos), de Fernando Spencer
- Baile perfumado (1996, 93 minutos), de Lírio Ferreira e Paulo Caldas

Quarta-feira (13)
- Até o sol raiá (2007, 12 minutos), de Fernando Jorge e Leanndro Amorim
- Orange de Itamaracá (2006, 78 minutos), Franklin Júnior

Quinta-feira (14)
- Ave Maria ou mãe dos sertanejos (2009, 12 minutos), de Camilo Cavalcante
- KFZ-1348 (2008, 81 minutos), Gabriel Mascaro e Marcelo Pedroso

Sexta-feira (15)
- Cachaça (1995, 13 minutos), Adelina Pontual
- Deserto feliz (2007, 88 minutos), Paulo Caldas

(Diario de Pernambuco, 12/01/2010)

2 comentários:

Anônimo disse...

Tive a chance de ver o Orange de Itamaracá e achei muito bom. Vale muito a pena, ainda mais no São Luiz.

Anônimo disse...

Recife está de parabens pela reabertura deste espaço!
É muito bonito e conserva o charme dos antigos espaços.
fiquei feliz com a oportunidade de conhecê-lo .