sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Quem quer comprar bananas?
Arte, alegria e bananas. Esse é o mote da exposição criada pelo grafiteiro Galo de Souza, intitulada O vendedor de bananas. Referência direta à música homônima cantada por Jorge Ben nos idos dos anos 70.
Galo traduz esse universo popular em desenhos feitos com spray e pincel. Como suporte ele usa paredes, colunas e objetos encontrados no mangue. A inauguração será hoje, às 19h, na galeria de arte do Sesc Casa Amarela. A exposição começa amanhã e segue até 16 de outubro.
Esta é a primeira mostra individual de Galo. Até então, ele havia participado de exposições coletivas ou com o Êxito D'Rua, coletivo no qual se desenvolveu e despontou como artista. O spray como instrumento de expressão, porém, vem de 15 anos, quando fazia pichação para se comunicar de tribo para tribo.
Da pichação ao grafite; da ação clandestina ao reconhecimento institucional. Esta é a primeira vez que a galeria do Sesc abre as portas para a grafitagem. O convite foi feito após enquete com osvisitantes. Fabiana Rocha, curadora do espaço, convocou Galo por ser um nome em evidência nessa modalidade.
O convite não mexeu com as convições do artista. "Nem quero discutir o que é pintura e o que é grafite. Quero somente expressar o que eu acredito. Não sou eu quem vai dizer o que é ou não é. Tenho 30 anos e hoje não brigo com todo mundo. Continuo minha briga no sentido de melhorar os espaços e gerar produto. Quero expor, cuidar do meu trabalho e dialogar com o mercado e a academia".
Há oito dias o espaço da galeria vem sendo transformado. Desenhos de folhas de bananeira cobrem uma das faces da coluna central. Todas as paredes trazem desenhos de bananas, animais, folhagens e figuras humanas, cujo personagem principal Galo faz a defesa. "Apesar de estar em situação informal, ele procura estar bem, se comunica com todo mundo, frequenta os mercados populares". Do lado de fora, um dos muros externos do Sesc agora é um painel que convida o público para uma visita.
Outros elementos visuais dos anos 70 são explorados, junto com referências contemporâneas do hip hop. Um embolador em preto e branco é claramente inspirado na arte da capa do disco solo de Zé Brown; um fusca surge por trás de Wilson Simonal, que veste a camisa da Seleção tricampeã. "Ele também virou banana da mídia", comenta. J. Dilla, rapper morto precocemente, está representado em uma das telas.
Enquanto pinta, Galo escreve, ouve música, fotografa. "A ideia é gerar subprodutos que possam ser vendidos, como CD, poesia, adesivos". Objetos reciclados, grafitados e pintados à mão, também estarão à venda. Alguns foram retirados do mangue, como uma tampa de ar condicionado, placas de Raio X e um gabinete de computador. Durante a exposição, o espaço terá equipamento de som e câmeras que serão usadas para postar vídeos na internet.
Serviço
Exposição O vendedor de bananas
Quando: de 12 de setembro a 16 de outubro, das 14h às 19h.
Onde: Sesc Casa Amarela (Av. Professor José dos Anjos, 1109 - Mangabeira)
Informações: 3267-4400
Entrada franca
(Diario de Pernambuco, 11/09/09)
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