sábado, 26 de setembro de 2009
Cangaço rende prosa e versos
A profícua relação entre o universo literário e o cangaço nordestino tem rendido grandes obras. As mais conhecidas estão situadas entre a literatura popular e o romance. Em O cangaço na poesia brasileira (Escrituras, R$ 34), outra gama de autores é apresentada ao leitor: a dos poetas eruditos, igualmente influenciados pelo tema. Organizado por Carlos Newton Júnior, 35 poetas de diferentes épocas estão reunidos no mesmo volume. O lançamento será hoje, às 19h, no auditório da Livraria Cultura (Recife Antigo). Na ocasião, Newton fará uma pequena palestra sobre o assunto, em que imagens de cangaceiros serão apresentadas como fonte inspiradora de alguns dos poemas.
Nomes consagrados como João Cabral de Melo Neto, Ariano Suassuna, Ascenso Ferreira, Maximiano Campos, Carlos Pena Filho e César Leal estão presentes, ao lado de Aleixo Leite Filho, Audálio Tavares, Bráulio Tavares, Dorian Gray Caldas, Francisco Carvalho, Homero Homem, Jáder de Carvalho, Janice Japiassu, Jayme Griz, Jorge de Lima, Luciano Maia, Luiz Carlos Monteiro, Márcio de Lima Dantas, Marcos Tavares, Marcus Accioly, Myrian Fraga, Nertan Macêdo, Newton Navarro, Paulo Bandeira da Cruz, Sânzio de Azevedo, Sérgio de Castro Pinto e Virgílio Maia. O próprio autor da pesquisa, Carlos Newton Júnior, também dá sua contribuição poética.
O livro traz o carioca Alexei Bueno, o mineiro Murilo Mendes, o gaúcho Walmir Ayala (com ilustrações do paraibano José Altino) e a paulista Maria José de Carvalho. Prova de que o cangaço quebrou barreiras e extrapolou a cultura do Nordeste.
O Cinema Novo de Glauber Rocha, profundamente marcado pelo cangaço, é matéria prima para Astier Basílio e José Nêumanne Pinto, que desenvolvem o mote a partir da figura de Antônio das Mortes, o matador de cangaceiros no filme Deus e diabo na terra do sol (1964). "A ideia de um cangaço epopéico superou o cangaço do crime. Para arte, é fonte inesgotável", diz Newton.
"Desde os 14 anos leio compulsivamente tudo sobre Lampião. Quando descobri a literatura, a junção foi natural", diz o organizador, que não se considera um especialista, mas sim, um entusiasmado pelo tema. Ao longo dos anos, frequentando livrarias e sebos, percebeu que ali havia um conjunto publicável. Para ele, a parte mais gratificante da coletânea é trazer à tona autores que estão fora dos catálogos "Muitos desses poetas não se encontram no mercado editorial, como Paulo Bandeira da Cruz, que no início dos anos 90 foi publicado pela José Olympio".
"É um livro que fazia falta", diz o pesquisador Frederico Pernambucano de Mello, que assina a orelha do livro, um texto intitulado Alados e pedestres do cangaço. Especialista no assunto, ele afirma que o cangaço tem sido bastante estudado, inclusive em sua presença na literatura brasileira. "No entanto, na área erudita, ninguém tinha se ocupado disso".
Serviço
Lançamento do livro O cangaço na poesia brasileira (Escrituras, R$ 34)
Quando: Hoje, às 19h
Onde: Auditório da Livraria Cultura (Paço Alfândega - Recife Antigo)
Informações: 2102-4033
(Diario de Pernambuco, 26/09/09)
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