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A simplicidade talvez seja uma das mais admiráveis qualidades de um filme. É o caso de A janela (La ventana, Argentina/Espanha, 2009), que estreia hoje no Cine Rosa e Silva, em dois horários diários: 19h e 20h40. Uma obra que oscila entre prosa e poesia, marcada por reflexões sobre o ciclo da vida humana, sensível fruto da maturidade artística do diretor Carlos Sorin.
Entre a aurora e os últimos raios de sol, certo número de eventos se passam numa fazenda secular no norte da Patagônia. Tudo gira em torno de Antonio que, devido a um recente problema no coração, vive sob cuidados de serviçais, e se restringe a olhar o mundo através da grande janela de seu quarto. Ansioso, ele aguarda a visita do filho, pianista de sucesso há muito tempo radicado na Espanha.
Enquanto o filho não chega, preparativos tomam conta do belo casarão colonial: um técnico afina o piano há anos abandonado; o médico faz um exame de rotina. Até que, inconformado com a condição de enfermo, Antonio (não por acaso interpretado pelo veterano escritor Antonio Larreta) desafia as recomendações médicas e parte para um passeio no campo, momento máximo da beleza fotográfica dos 85 minutos de película.
Objetivamente há um tempo narrativo que percorre o dia. No entanto, para o protagonista há uma dimensão além, uma imersão subjetiva desencadeada a partir de um sonho em que relembra situações da mais tenra idade. Momentos construídos de tal forma que só o cinema poderia revelar.
* publicado no Diario de Pernambuco
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