quarta-feira, 10 de junho de 2009
Memória da luta operária
Ilustração publicada em 1º de maio de 1915, no jornal A voz do trabalhador, da Confederação Operária Brasileira
Os primeiros registros de movimentos socialistas em Pernambuco remontam há mais de 160 anos. Essa história será contada hoje, às 14h, durante o evento Manifestações operárias e socialistas em Pernambuco - das origens aos anos 60. A programação inclui um amplo debate e exposição iconográfica. Aberto ao público, o evento é promovido pelo Núcleo de Estudos Eleitorais Partidários e da Democracia, vinculado ao Programa de Pós-graduação em Ciência Política da UFPE.
As palestras contam com a presença de historiadores que produziram teses, livros e artigos sobre esses temas. "Vamos destacar a produção historiográfica da UFPE, mas haverá exposição de trabalhos de outros lugares do país", diz o coordenador do NNEPD, professor Michel Zaidan Filho.
Ele explica que a gênese do movimento socialista no Estado surgiu no século 19, com a deflagração da Revolução Praieira, em 1848. Além do livro O socialismo (reeditado pela Paz e Terra), escrito pelo general Abreu e Lima (um dos ideólogos da revolta), há documentos da época, como a revista O Progresso (reeditado pela Cepe) e os jornais O Diario Novo e A Barca de São Pedro.
Já a exposição traz jornais, panfletos, brochuras, fotos e livros da época, inclusive de material ligado à imprensa operária. Uma das imagens, a mesma usada no material de divulgação do evento, foi publicada originalmente 1º de maio de 1915, no jornal A voz do trabalhador, da Confederação Operária Brasileira. "A figura do trabalhador se libertando dos grilhões, olhando pro sol da liberdade, marca o imaginário de uma época. É uma alegoria do que seria o avanço do homem trabalhador, a construção de uma nova sociedade", interpreta Zaidan.
No entanto, o decorrer do século 20 guardaria para os movimentos operários pernambucanos certo número de conquistas (como as das lutas das Ligas Camponesas) e reveses (nos anos 30 Getúlio Vargas controlou os sindicatos). "A repressão política do regime militar perseguiu, prendeu e torturou, mas hoje a situação é outra, ossindicatos se reorganizaram. Como a situação política mudou, há organizações que são quase parte do governo, pois se tornaram uma espécie de gestores do dinheiro público voltado para as ações. Uma delas é a Fetape (Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco), que agrega os sindicatos rurais", conta Zaidan.
O ciclo de palestras terá participação de seis professores do NNEPD, e tratará dos seguintes temas: aspectos do movimento operário e sindical em Pernambuco (Antonio Rezende); panorama da década de 20, com foco na fundação do Partido Comunista Brasileiro e os pioneiros no Estado (Zaidan); trabalhadores e a Revolução de 30 em Pernambuco (Brasília Carlo Ferreira); manifestações operárias nas décadas de 30 e 40 (Nadja Brayner); o partido comunista na década de 60 (Flávio Brayner); e o sindicalismo rural em Pernambuco na década de 60 (Maria do Socorro Abreu).
Zaidan revela que o interesse do evento é apresentar as lutas que já existiram em Pernambuco. E apontar a atual crise de identidade nestas organizações. "Hoje elas estão amortecidas pelo atrelamento à política governamental. E o movimento só anda quando é de oposição".
Serviço
Manifestações operárias e socialistas em Pernambuco
Quando: Hoje, às 14h
Onde: Auditório do Programa de Pós-graduação em Ciência Política (14º andar do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFPE)
Informações e inscrições: 2126-7351
Entrada franca
*publicado no Diario de Pernambuco
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Um comentário:
mto boa pesquisa e texto
sempre de parabens, dib! beijos!
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