quinta-feira, 18 de junho de 2009

Recife reverencia ilustre parceiro de Gonzagão



O compositor João Silva, homenageado do São João do Recife ao lado de Jackson do Pandeiro, recebe hoje o título de cidadão recifense. A cerimônia será às 16h, na Câmara dos Vereadores (Rua Princesa Isabel - Boa Vista). Nascido em Arcoverde e após muitas décadas de vida no Rio de Janeiro, o ex-parceiro de Luiz Gonzaga, hoje com 73 anos, mora na capital pernambucana há apenas oito meses. O título foi uma proposta do vereador Jurandir Liberal (PT). Para comemorar, o veterano músico lança amanhã, às 19h, o novo álbum, João Silva canta mais Gonzaga, realizado com patrocínio do Funcultura.

As 12 faixas não são inéditas, mas pelo menos a metade nunca chegou ao formato CD, permancendo restrita a material de colecionador. Além disso, elas ganharam um novo tratamento de estúdio: foram remixadas, reprocessadas digitalmente e acrescidas com novos instrumentos. O CD será lançado no Forró Jazz, projeto especial do São João do Recife, sediado na Rua Mamede Simões (a mesma do Bar Central). Os shows são de maestro Edson Rodrigues, Paulo Rabeca e Herbert Lucena. Na próxima terça-feira, haverá nova sessão de autógrafos às 15h30, durante o último encontro das Jornadas Gonzaguianas (Livraria Cultura).

"Estou falando com Gonzaga como se fosse hoje", diz o mais novo cidadão recifense, sobre o resultado do processo que atualizou cinco canções originalmente gravadas por ele, Gonzagão e Severino Januário, irmão do rei do baião, no ano de 1968. Em entrevista ao Diario, Silva conta que o projeto começou por iniciativa sua, pois os irmãos viviam uma desavença. A ideia era chamar Gonzagão para fazer a voz. E dar uma "força" no disco de Januário que, assim como o pai, tocava sanfona de oito baixos. Na gravação original, Gonzaga e Silva cantam na primeira parte das músicas. A segunda era instrumental, em que Januário toca sanfona, triângulo e zabumba.

João Silva conheceu Gonzaga quatro anos antes dessa gravação. Eles foram apresentados por Marinês, nos bastidores da rádio Mayrink Veiga, que ambosfrequentavam. "Não deu dois minutos e a gente brigou", lembra Silva. "Eu disse: 'tenho uma música que é a tua cara'. E ele respondeu que todo mundo dizia isso. Aí eu disse que então não tem música nenhuma". A música, gravada meses depois, era Crepúsculo sertanejo.

Em João Silva canta mais Gonzaga há letras acrescidas, sanfona de 120 baixos ("aquele instrumento metido a besta", diz Silva) tocada por Gennaro, cavaquinho, baixo, guitarra e percussão. Além disso, a música Forró atarrachado foi reescrita e agora se chama Baioneiro Gonzagão. Para completar, foi regravada uma sequência de composições registradas por Gonzaga já no fim de carreira, como Para não morrer de tristeza, Uma pra mim, uma pra tu e Arcoverde meu.

Com um cancioneiro de mais de 2 mil composições escritas, João Silva entra em estúdio ainda este mês para gravar o álbum de inéditas Sertão puro, em que será compositor, arranjador e produtor. Segundo ele, será um álbum mais "chão", mais "raiz", com um linguajar antigo utilizado no interior. "O problema do forró de hoje é que, a cada 15 músicas gravadas, 14 são xotes e uma é baião, todas falando de amor. No meu, não vai ter xote nem arrasta-pé. É só baião e forró puro", diz o músico.

Serviço
Lançamento do álbum João Silva canta mais Gonzaga

Quando: Amanhã, às 19h
Onde: Projeto Forró jazz (Rua Mamede Simões - Boa Vista)
Quanto: Entrada franca (O CD será vendido a R$ 15)

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