Um novo crime envolvendo obras de arte volta a ocorrer no Sítio Histórico de Olinda. De sexta-feira para o sábado, duas telas recentes de Tereza Costa Rego foram levadas de seu ateliê, na Rua do Amparo, 242. A mais importante se chama A rosa amarela. Avaliada em R$ 32 mil, ela tem 1,20 m x 1,40 m e integraria uma exposição em homenagem ao poeta Carlos Pena Filho, que em 2010 completa 50 anos de morte. A outra tela, de 1,50 m x 1,00 m, faz parte da série sobrados e retrata pessoas nas janelas de um casarão de fachada vermelha.
Famosa por criar grandes telas com figuras femininas, animais e cores vívidas, a artista plástica de 81 anos disse ao Diario que A rosa amarela seria o início de uma nova fase em sua carreira. Se a obra não for recuperada, iniciará outra para a exposição sobre Pena Filho. "Estava apaixonada por esse quadro", lamenta a pintora. "Fiquei muito triste porque este é um quadro diferente, parecia flamenco. Sempre faço rostos mas desta vez destaquei as mãos".
Tereza tinha assinado a tela na manhã de sexta-feira, mas ainda estava faltando o toque final: pintar a flor que dá nome à peça, que mostra uma mulher de cabelos vermelhos, apoiada num muro escuro, em fundo verde. Durante o resto do dia, a artista se envolveu com a inauguração de um novo ateliê, que também fica na Rua do Amparo. Na manhã de ontem, quando voltou à sala onde trabalha, nos fundos de sua residência, percebeu as janelas abertas e a ausência desta e da outra obra, que também estava inacabada. Cerca de R$ 10 mil em material, entre de tintas importadas, também foram levadas.
A polícia foi acionada e as investigações ficarão a cargo do Departamento de Repressão a Crimes Patrimoniais. Às 16h de ontem, cinco peritos papiloscopistas do Instituto Tavares Buril iniciaram a procura de evidências no local do roubo, com a coleta de pistas que possam ter sido deixadas pelo ladrão. "De imediato, procuramos fragmentos de impressões digitais, pois elas perdem umidade rapidamente", diz Romero Marinho, do ITB. Por volta das 18h de ontem, o local docrime foi isolado e lacrado. De acordo com o diretor do Depatri, Antônio Barros, está sendo realizada uma investigação completa no local do crime. "Colocamos a mesma equipe de peritos que trabalhou na apuração do roubo do quadro O enterro, de Portinari, no mês passado".
Tereza suspeita que o crime tenha sido realizado por alguém que atuaria como intermediário no mercado de obras de arte, mas Barros não arrisca hipóteses. "Não posso divulgar mais informações para não atrapalhar a apuração do caso". Informações sobre o paradeiro das obras devem ser feitas para o Disque-denúncia, pelo telefone 3421-9595.
Terceiro caso em 45 dias - Em 45 dias, este é o terceiro caso envolvendo obras de arte no Sítio Histórico de Olinda. A tela O enterro, do pintor modernista Cândido Portinari (1903-1962), foi roubada do Museu de Arte Contemporânea de Olinda no dia 14 de julho. Fora do circuito comercial, a tela poderia ser vendida no mercado negro por até R$ 1,5 mihão. A obra foi devolvida ao poder público no último dia 12. Fechado desde o furto, o MAC de Olinda espera as adequações de segurança prometidas pela Fundarpe, o que deve ocorrer em setembro. A promessa é de que o MAC receba 16 câmeras de vídeo, o reforço de 12 seguranças armados com atuação 24 horas por dia e a contratação de quatro monitores. Três dias antes, uma escultura de 120 quilos, do artista Paulo Costa, foi furtada, para 48 horas depois, ser devolvida por um homem que não quis se identificar.
Diario de Pernambuco, 29/08/2010)
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