sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Um filme terrivelmente necessário
O filme mais radical do ano está de volta ao Cinema da Fundação. Anticristo (Antichrist, Dinamarca, 2009), de Lars Von Trier, será exibido nesta sexta-feira em sessão única às 16h30.
No mesmo programa, que encerra a Expectativa 2010 / Retrospectiva 2009, está a reprise de À procura de Eric (Reino Unido, 2009), de Ken Loach e Momma's man (EUA, 2008), de Azazel Jacob, filmes que se destacaram em festivais e devem entrar em cartaz no ano que vem.
Anticristo já está disponível em DVD, mas seu impacto pode ser melhor sentido no cinema - coletivamente, em tela grande e sala escura são as melhores condições para a verve iconoclasta de Trier surtir efeito. A aversão a certas cenas pode ser forte - há mutilação e tortura na história do casal que se isola na floresta para superar a perda do bebê e se perdem em pesadelo e loucura. Para chegar ao final sem muitas náuseas, é preciso olhar para além do significado objetivo/racional. As imagens são construídas para dizer algo que imediatamente pode parecer obscuro, mas que de alguma forma precisam ser vistas.
Sob a carcaça de filme de horror estão elementos que o diretor há tempos vem desenvolvendo. Há a misoginia de Dançando no escuro e Dogville, de volta na personagem de Charlotte Gainsbourg (em performance que rendeu prêmio de melhor atriz em Cannes), que se interessa pelo assunto a ponto de cometer autoflagelação. E os fantasmas da alma, estudados pelo personagem de Willem Dafoe, psicólogo convicto de que, após a morte acidental do bebê, é possível salvar a esposa da depressão com terapia cognitiva.
No embate entre o racional e o oculto, vencem as "forças da natureza", em fenômenos compreendidos pela mulher como influências demoníacas. O que leva a refletir sobre os significados para o nome desta obra chocante, perturbadora e terrivelmente necessária.
(Diario de Pernambuco, (18/12/2009)
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