Qual foi sua participação na reabertura do São Luiz?
Embora a Fundarpe queira me escantear, tudo o que foi feito no São Luiz foi trabalho meu e da minha esposa.
Por que você acha que está sendo escanteado?
Por vaidade de Luciana (Azevedo), que quer aparecer. Ninguém queria saber do São Luiz até dois meses atrás. Tenho plena certeza de que ninguém da Fundarpe teria capacidade para fazer a obra, que envolve licitações e contratos. Agora que ela está pronta todo mundo quer o crédito.
Quando começou seu envolvimento no projeto?
Em 2006, quando o grupo Severiano Ribeiro anunciou o fechamento. Pela amizade que meu pai tinha com o grupo e o trabalho de preservação de filmes que eu faço, ofereceram o cinema para que o Instituto Lula Cardoso assumisse. Como não tínhamos condições, e nessa época eu mantinha ligação com o ex-prefeito João Paulo, marquei uma reunião com Ribeiro Neto e ficou certo de que em 2007 a prefeitura assumiria o cinema. Não deu certo porque o grupo não quis vender o prédio e então a Aeso surgiu com a proposta de recuperar o São Luiz.
Como o governo do estado assumiu a reforma?
Tinha plena certeza de que assim que Eduardo Campos fosse governador ele assumiria o projeto. Procuramos Luciana (Azevedo, da Fundarpe) e ela foi muito receptiva, nos tratou com carinho e disse que se elaborássemos um projeto, ela levaria para o governador. Quando Eduardo anunciou o arrendamento, continuei como interlocutor com a Severiano Ribeiro, pois ele não tinha interesse em manter contato com órgãos públicos. O São Luiz só foi alugado por conta da confiança da Severiano Ribeiro em mim. O grupo estava com um negócio praticamente fechado com a Faculdade Maurício de Nassau, que para ele é mais interessante por ser iniciativa privada.
Como o projeto foi conduzido desde então?
Em setembro de 2008, apresentamos um plano operativo que nem sei se foi lido. Na elaboração das planilhas não houve participação de ninguém da Fundarpe. Levantamos um quadro de pessoal, o mesmo que o cinema usava até antes de fechar. Das 16 pessoas, entre gerente, porteiros e técnicos, foram contratadas apenas três: eu, Taís e João Bosco (projecionista e técnico eletricista). E outras besteiras surgiram nessa etapa final.
Besteiras de que tipo?
Só tenho elogios a fazer a Eduardo por ter assumido a reforma, mas não se pode esquecer o que é um cinema de rua para se adequar a projetos políticos que vão transformar o São Luiz num circo. E quem vai ao cinema não quer saber quem administra, vai lá para ver filmes. Hoje temos 44 salas de multiplex que passam o que querem e acho complicado um filme como Lula - o filho do Brasil entrar em cartaz também no São Luiz. Se o filme fosse bom, tudo bem, mas ele vai passar por questões de puxa-saquismo.
O São Luiz volta a funcionar para o público em 12 de janeiro. Qual será a sua função no cinema?
Ainda estou aguardando para saber o que vai acontecer. Não sei qual será o nosso futuro. Estamos extremamente magoados pois fomos desprezados após trazer o São Luiz de volta.
(Diario de Pernambuco, 30/12/2009)
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