sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Estreia // "É proibido fumar", de Anna Muylaert
Com Glória Pires e Paulo Miklos na linha de frente, É proibido fumar (Brasil, 2009) estreia hoje com a pretensão de agradar a gregos e troianos com o apelo do elenco e diálogos inteligentes.
Ele chega aos cinemas de todo o país consagrado pelo Festival de Brasília, onde na semana passada conquistou a crítica e também ao júri oficial, que laureou o longa de Anna Muylaert (Durval Discos) com oito prêmios - melhor ator (Miklos), atriz (Pires), atriz coadjuvante (Dani Nefussi), roteiro (Muylaert), montagem (Paulo Sacramento), direção de arte (Mara Abreu) e trilha sonora (Márcio Nigro).
Assim como no filme anterior, a diretora constroi um universo leve, divertido e sedutor que, lá pelas tantas, quebra o ritmo para algo improvável e sombrio. A primeira metade confirma a simpatia de Muylaert pela estética pop-retrô e valores da (contra)cultura dos anos 70, cujo auge é a cena em que Baby / Pires, professora de violão retraída em seu passado, fuma um baseado oferecido pelo velho roqueiro Max / Miklos, que em cômico movimento oposto, toca samba numa churrascaria para sobreviver.
A proibição evocada no título fala diretamente não ao uso da cannabis, mas ao apego de Baby pela nicotina - ela fuma como uma condenada e a pedido de Max, tenta largar o vício. No desenrolar do enredo, que aos poucos ganha ares de suspense hitchcockiano, entende-se que o sentido diz respeito a segredos que uma relação exige para poder continuar. O filme brinca com isso a cada vez que uma das partes anuncia que tem algo importante para dizer. A consequente falta de coragem para abrir o jogo leva a pensar sobre os perigos de fazer as pazes sem saber exatamente o que está se perdoando.
(Diario de Pernambuco, 04/12/2009)
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