quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Para fazer ferver o Marco Zero



A noite promete. Nação Zumbi apresenta hoje um show novinho em folha, com participação de Paralamas do Sucesso, Arnaldo Antunes, Fred Zeroquatro e Siba Veloso. Para tornar o momento ainda mais especial, este será o primeiro vídeo oficial da banda ao vivo no Recife, cidade-musa das primeiras canções e onde tudo começou. No repertório estão mais de 20 músicas pinçadas dos sete discos de carreira, mais a inédita Cordão de ouro, composta para o filme Besouro e nunca tocada no palco.

Previsto para os primeiros meses de 2010, o DVD tem direção de Danilo Bechara, que assina o projeto da MTV Sintonizando Recife. Este não será o primeiro da carreira da Nação, que em 2006 lançou o excelente Propagando. Simbolicamente, é um acerto de contas com o público do Recife, então preterido pelo de São Paulo. "Cada coisa tem seu tempo. Gravamos lá por motivos técnicos, pois ficaria inviável trazer o equipamento todo para cá. Conseguimos agora, graças aos patrocinadores (os principais são a Fundarpe e a Rede Globo). Agora deu tudo certo", diz o baixista Alexandre Dengue.

Em conversa com o Diario, ele desmente os boatos de que o show faz parte da turnê que comemora os 15 anos do álbum Da lama ao caos, lançado em 1994 pelo selo Chaos, da Sony. "Tocaremos um pouco de cada disco, inclusive músicas que não apresentávamos faz tempo, como Corpo de lama, que há pelo menos dez anos não entrava nos shows. Será um show bem pra cima, de acordo com o clima do Marco Zero".

A dinâmica imposta pela gravação do DVD exige entrosamento entre a banda e convidados, a ponto de os ensaios terem começado na segunda-feira. Os improvisos ficam somente entre uma música e outra, em temas esticados durante o ajuste de equipamentos. O público não deve sentir tanta diferença de um show comum, pois não há planos de tocar a mesma música mais de uma vez, recurso utilizado para dar mais opção na hora de editar o material. "A não ser que algo der muito errado, queremos entrar e fazer tudo de primeira", diz o baixista.

Claro que o emblemático "cumpleaños" da Nação faz parte do evento promovido pela Feira Música Brasil 2009. Quinze anos não são 15 meses e o som da banda evoluiu um tanto desde que Chico Science arriscou as primeiras performances. "Pra gente é algo natural, não enxergamos essa evolução de forma clara porque estamos envolvidos no processo. Às vezes é como um tapa ver o que conseguimos construir, ao logo desses sete discos", fala Dengue.

Olhando para o futuro próximo, 2010 será venturoso para os músicos da Nação: não bastasse o DVD ao vivo e o oitavo álbum de inéditas, há a esperada estreia em estúdio de Los Sebosos Postizos, projeto paralelo que faz releituras dub de Jorge Ben, Kraftwerk e Beatles (assim como o álbum da Nação, produzido por Mario Caldato). Além disso, o Maquinado de Lúcio Maia está com o segundo álbum quase pronto e o 3 na Massa de Rica Amabis, Pupillo e Dengue, em breve entrará em estúdio novamente. Já o projeto desenvolvido entre Lúcio, Pupillo e Seu Jorge ainda não tem data certa.

Diferente de quando começaram, essa produção chega em ecossistema musical regido mais pela internet do que pelas rádios ou gravadoras. "Tudo ficou mais rápido, as pessoas baixam música mesmo, sem dó. O mundo está se adaptando a essa nova realidade, ninguém sabe onde isso vai dar. Acho que vai ter CD, vinil, mp3, tudo ao mesmo tempo, mas essa liberdade na internet, de baixar um filme inteiro de graça, vai acabar". Em comum com os primórdios está a independência, já que a Nação nunca lançou disco sem gravadora. Dengue dá o recado: "antigamente a gente fazia barulho sem ter nada, nem ser conhecido. Agora é arregaçar as mangas e lançar o próximo disco de forma independente".

(Diario de Pernambuco, 09/12/2009)

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