sábado, 5 de junho de 2010

Papa-Figo não poupa ninguém



Com mais de 25 anos de atividade, o Papa-Figo é quase uma instituição pernambucana. Quase, pois se fosse certamente iria contra a verve anarquista que a guiou por mais de 300 edições, um programa de TV e, em breve, no site www.papafigo.com. Para comemorar este primeiro quarto de século, o editor Bione bancou do próprio bolso uma edição especial retrospectiva, com praticamente todos os números do Papa-Figo, encadernados em dois livros cartonados, mais dez pôsteres do cartunista Miguel e um DVD com depoimentos de fundadores, admiradores e colaboradores como Jaguar, Nani, RAL, Samuca, Paulo Bruscky, Tarcísio Sete, Jomard Muniz de Brito e o cantor Falcão.

O conjunto, impresso na Companhia Editora de Pernambuco, vem acomodado em uma caixa gigante, que estará à venda na festa organizada hoje à tarde no Bar Biruta e a partir de segunda-feira no Empório Sertanejo, Bodega do Véio, bancas Globo e Jornal Magazine e demais anunciantes do jornal.

O valor histórico da publicação, que repassa a história recente sob o ponto de vista do humor cafajeste, é incontestável. Na sessão "Papa-Figo Recomenda", por exemplo, há espaço publicitário para o sebista Pedro Américo e para a filmes em cartaz no Teatro do Parque e no extinto Cine Bajado da Praça do Carmo (Olinda).

O Papa-Figo começou a circular em agosto de 1984, no formato tabloide, encartado no Jornal da Semana, editado por Nagib Jorge Neto. Na origem está a vontade de RAL e Paulo Santos de fazer uma publicação de charges e cartuns. "Fazíamos a Xepa, que não durou muito. Na mesma linha de pensamento, surgiu o nome Prato Feito, ou PF. Aí Paulo Santos falou: 'Papa-Figo' e fez o primeiro desenho, inspirado no mascote do Pasquim, o rato Sig. Depois eu desenvolvi o desenho", conta Ral.

Enquanto isso, Bione voltava de São Paulo, com o desejo de fazer um jornal que parodiasse a grande imprensa. "Com Amin Stepple, Geneton Moraes Neto, Manuel Costa, Clériston e Paulo Santos fizemos O Rei da Notícia, que durou apenas três números. RAL estava ilustrandoum livro com texto de um amigo, José Teles, que na época trabalhava na Caixa Econômica. Com ele, formamos um trio que era imbatível", conta Bione.

RAL seguiu no Papa-Figo até 1994. "Terminei minha gestão porque meu fígado não aguentava mais", brinca o artista. Teles seguiu até 2000, tendo assinado boa parte dos textos até meados dos anos 1990. Depois disso Bione passou a contar com colaboradores fictícios como Ivan Pé de Mesa, que assina a coluna Sociedade Pernambucana.

De lá para cá, o Papa-Figo assumiu formatos, mídias, periodicidade e tiragens variadas. "Na eleição municipal de 2000, fizemos uma edição de 5 mil cópias com um pôster colorido de Roberto Magalhães posando de Mona Lisa. O pessoal do PT gostou tanto que mandou rodar mais 10 mil e ainda imprimiu a imagem em camisetas", lembra Bione.

No entanto, o jornalista nega qualquer inclinação partidária no periódico, que inclusive, ostenta o título de "o único com voto de repúdio da câmara dos vereadores" e o lema "o Papa-Figo não poupa ninguém". "No fim dos anos 80, recebi ameaças de uma turma que se identivicava como de Collor, porque fizemos um perfil dele com o título "o candidato que cheira bem", diz Bione. Entre as paródias estão a do Rock in Coque, promovido pelo empresário Roberto Mendingo e a cobertura do Festival de Cannes, por Kleber Mão de Onça.

Serviço
Festa dos 25 anos do Papa-Figo
Quando: Hoje, a partir das 12h
Onde: Bar Biruta (Rua Bem-Te-Vi, 15, Brasília Teimosa - Pina)
Quanto: Entrada franca

(Diario de Pernambuco, 05/06/2010)

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