sexta-feira, 20 de novembro de 2009

"Se nada mais der certo", de José Eduardo Belmonte, estreia no Recife



"A gente é educado para não roubar, mas não é educado para não ser roubado". A partir dessa premissa, Se nada mais der certo, de José Eduardo Belmonte, se constrói como uma crônica urbana protagonizada por três habitantes de uma metrópole genérica.

Cauã Reymond é Léo, jornalista desempregado que precisa sustentar a família com demandas de classe média. Certo dia, sua esposa (Leandra Leal) o apresenta a Marcin (Caroline Abras), figura de comportamento andrógino e vida noturna radical. A amizade entre eles é instantânea e leva à revolta contra as durezas da vida. A decisão por ações ilegais como fonte de renda os leva ao taxista Wilson (João Miguel), que vive uma melancólica crise existencial.

Enquanto os três assaltam um banco disfarçados com máscaras de José Sarney, FHC e Collor, a antiga música dos Saltimbancos diz: "todos juntos somos fortes". Nesse contexto, a evocação nostálgica da canção infantil dos anos 80 aponta para a inocência perdida pelo trio de cúmplices, agora marginais. Ao mesmo tempo, relativiza o banditismo em que se metem. Enquanto os anti-heróis de Belmonte buscam a liberdade perdida em algum lugar do passado (a trilha com Jimi Hendrix, na fuga para a natureza dá a pista ideológica), os senhores da República cometem delitos por motivos bem diferentes.

(Diario de Pernambuco, 20/11/09)

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