sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Festival de Brasília // Camilo Cavalcante busca terceiro Candango



Com dois Candangos na prateleira, Camilo Cavalcante concorre a uma terceira estatueta brasiliense na noite de hoje, com o novo curta, Ave Maria ou mãe dos sertanejos. Rodado em Serrita, Sertão central de Pernambuco, o documentário tem cerca de 12 minutos e apresenta cenas da vida cotidiana em vários sítios da região, regidos pela música Ave Maria sertaneja, de Luiz Gonzaga, transmitida diariamente às 18h.

A estrutura é a mesma de Ave Maria ou mãe dos oprimidos, dirigido por Cavalcante em 2003. A metodologia é outra.

Para realizar seu 13º curta, o diretor abriu mão da própria autoria e ofereceu oficinas de cinema para 17 moradores de Serrita, terra da Missa do Vaqueiro. Um deles, o geógrafo Lula Peluzio, acompanha Camilo no festival e quer seguir carreira no cinema.

"Com a comunidade pensando o filme, ele sai da superficialidade de ver o Sertão de fora pra dentro, como um estrangeiro. Com a equipe local, me senti muito próximo das pessoas e essa intimidade só foipossível porque seus parentes e amigos estavam na filmagem". Em retribuição, nos créditos finais, o nome de Camilo - assim como o do fotógrafo Beto Martins e o técnico de som Nicolas Hallet - foi colocado na mesma categoria que os alunos, despersonalizando a lógica que quase sempre recai no bordão "um filme de...".

Na época da filmagem, a chuva interferiu no ambiente, assim como no dia a dia das pessoas. "Conseguimos o cheiro de Sertão verde, de celebração, do regresso em vez do êxodo, diferente do chão rachado muitas vezes mostrado pelo cinema. As pessoas agradecem a Nossa Senhora por isso. Esse e outros costumes arcaicos que daqui a pouco pode não existir mais por conta da globalização, que navalha hábitos seculares. No filme há pessoas de 90 anos, talvez a última a sustentar certos costumes. Não é uma crítica, mas uma constatação de que parabólica chegou".

Ave Maria ou mãe dos sertanejos é o segundo projeto de uma trilogia que se encerrará com uma visão de como a burguesia se relaciona com a Virgem Maria,cujo tema musical será a Ave Maria de Gunot. "Eles também respeitam a música tocada todo dia na mesma hora, mas diferente da quase resignação dos oprimidos e da intimidade sertaneja, é algo impregnado pela formação católica".

(Diario de Pernambuco, 20/11/09)

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