sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Sherlock diante do terror



Sherlock Holmes - O jogo de sombras (EUA, 2011) traz Robert Downey Jr. de volta ao papel do detetive inglês e Jude Law na pele do Dr. Watson. Como no filme anterior, pouco restou do famoso personagem criado por Sir Arthur Conan Doyle, a não ser o cachimbo e a (justa) pretensão intelectual. O que levanta a dúvida sobre os motivos do diretor Guy Richie em mostrar um Sherlock encrenqueiro, insano, galante, obcecado por tecnologia e politicamente incorreto, mais próximo de Indiana Jones, Jack Sparrow e do próprio Tony Stark, de Homem de Ferro. Por que o evidente prazer em esvaziar o original literário, quando não, destruí-lo?

O foco do filme não está no mistério, mas nas lutas físicas, estrategicamente antecipadas em sequências slow/fast-forward visualmente arquitetadas para estimular a plateia a cada milissegundo. Entre elas há uma história - atentados terroristas no fim do século 19 levantam a hipótese de que anarquistas atacam Londres. O inimigo, declarado, é vivido por Jared Harris (de Mad Men), que trabalha para forças ocultas.

Além da violência, o que talvez tenha elevado a classificação indicativa para 14 anos seja o fato de que temos aqui não um investigador da Scotland Yard, mas um super-herói junkie. Mais do que no primeiro filme, a percepção, inteligência e agilidade física do Sherlock são aguçadas não por chá inglês, mas por ópio, álcool e folhas de coca. Daí a montagem histérica, alucinada e turbinada com ruídos estranhos. Elementar demais, caro Richie.

(Diario de Pernambuco, 13/01/2012)

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