terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Força na Economia Criativa



Após quatro anos de encontros e discussões, o Instituto Delta Zero para Desenvolvimento da Economia Criativa será oficialmente lançado nesta terça-feira, sob a promessa de ser ambiente favorável para a criação de novos produtos culturais e na distribução, comercialização e sustentabilidade de projetos. A entidade será fundada às 19h, em evento público no Centro Cultural dos Correios (Av. Marquês de Olinda, 262 - Recife Antigo).

Considerada área estratégica, a economia criativa é resultado da união entre tecnologias da informação e economia da cultura. O Delta Zero, organização civil formada por 28 empresas e empreendedores, resulta de um esforço coletivo para deslanchar a economia criativa pernambucana. “Qualquer projeto que promova uma integração entre áreas criativas e culturais é não apenas válido, mas necessário”, avalia o cineasta Leo Falcão. “O caso do Delta Zero, no entanto, é um pouco mais especial, já que a ideia não é colocar todo mundo debaixo de um guarda-chuva, submetendo um modo de fazer pré-estabelecido, mas realmente estimular a colaboração conjunta”.

Presidente eleita do Delta Zero, Tarciana Portela explica que, para chegar a uma estratégia de ação, foi feita uma análise de fraquezas e fortalezas, oportunidades e ameaças. “Com pequenos investimentos e acesso às informações podemos nos articular transversalmente e superar esses gargalos”, diz Tarciana. “A palavra de ordem é trabalhar junto. Fala-se do potencial criativo dos pernambucanos, mas ainda somos muito fracos para gerar recursos e atingir a sustentabilidade. Isso demanda mais articulação do que dinheiro. Por exemplo, porque não temos uma plataforma de crowdfunding? Ou não pensamos em um sistema para colocar a música pernambucana no iTunes?”.

João Jr., da REC Produtores, diz que o audiovisual sempre foi campo favorável para o encontro entre tecnologia, gerenciamento de recursos e diferentes atividades artísticas. “É algo intuitivo no nosso dia a dia. Para produzir de um longa-metragem, uma peça de teatro ou de publicidade é preciso intercambiar com arquitetura, artes plásticas, design, música. Vemos o Delta Zero como um desdobramento natural, até”. A busca coletiva por soluções é outro ponto conhecido por quem faz cinema. “Produtos criativos, sustentáveis, de qualidade técnica e artística e com potencial de comercialização vêm da vontade associativista. Empresas isoladas perdem o foco de futuro, não sabem o que nos espera daqui a dez anos”.

Nos últimos meses, o escritório de design Scriptoscope, de Leo Falcão, tem feito roteiros para empresas desenvolvedoras de jogos e criado conteúdo para ferramentas de interação e redesenho de espaços públicos. “A interação entre os campos de conhecimento já tem funcionado de forma tímida, pela simples aproximação dos agentes culturais. A tendência é que ela se torne mais forte. No fim das contas, estamos criando algo para lidar, em nível prático e institucional, com vários pontos fortes na nossa cultura: tradição, diversidade, criatividade e inovação”.

Todas as segundas-feiras, 10h, haverá reuniões abertas do Delta Zero no térreo do Softex (Rua da Guia - Recife Antigo). Novos associados, como empresas e Pontos de Cultura, podem participar, desde que sejam pessoa jurídica. “A sociedade civil tem força e mobilidade para negociar com o governo, mas os produtores estão atrelados demais a políticas públicas de financiamento. É justo contar com edital da Fundarpe, mas é uma faca de dois gumes, pois todo mundo acaba só pensando nesse dinheiro, sem discutir outras coisas, como empréstimos, microcrédito. Já fui gestora e sei como a máquina pública é pesada e obsoleta. Quem pode dar o impulso é a sociedade civil, se ela conseguir se organizar de maneira menos segmentada”.

Saiba mais

Fundadores do Delta Zero

1. Astronave - Paulo Andre Pires
2. Canal Capibaribe – Igor Santos
3. Centro de Atitudes - Andre Stamford
4. Cia de Eventos - Rogério Robalinho
5. Editora Coqueiro – Ana Ferraz
6. Fundação Gilberto Freyre - Gilberto Freyre Neto
7. Funderground – Geber Ramalho
8. Gapuia Cultura, Turismo & Comunicação - Tarciana Portella
9. Grão - Rute Pajeú
10. Grupo Paés – Rodrigo Sushi
11. HUB Criativo - Edgar Andrade
12. Muzak – Marcelo Soares
13. REC Produtores - João Jr.
14. Refazenda – Magna Coeli
15. Triz - Germana Uchoa
16. Proa – Mariana Longman
17. Candeeiro Produções – Wilson Freire
18. Traga Boa Notícia – Aline Feitosa
19. Espaço Muda
20. Espaço Mamulengo - Moura
21. Símio Filmes
22. Facform
23. Grupo Grial – Maria Paula Costa Rego
24. Remo Produções Artísticas – Paula de Renor
25. Recbeat – Antonio Gutierrez (Gutie)
26. AFM Arquitetos – Roberto Montezuma
27. Onomatopeia Ideias Sonoras
28. Scriptoscope – Leo Falcão
29. Vanguarda Visionário – André Carvalho
30. Allegro Produções – Silvia Robalinho
31. Blue Filmes Produções – Maria Pessoa
32. Duxi Comunicação - - Patricia Raposo
33. Biruta – André Araújo

(Diario de Pernambuco, 24/01/2012)

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