terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Às margens do Rio São Francisco
Durante quatro noites, uma lona de circo armada às margens do Rio São Francisco, em Petrolina, se tornou a nova sede do festival Vale Curtas. Em sua quinta edição, ele parece ter encontrado seus elementos definidores: um festival popular, alinhado à produção independente, com foco na formação e intercâmbio de informações e ideias. Nada mal, para entrar com o pé direito no calendário 2012 de eventos de cinema.
No ano passado, os produtores Chico Egídio e Solange Soares procuravam local apropriado o evento. Até então ele acontecia em Juazeiro, cidade-irmã, em território baiano. Como o patrocínio veio da Fundarpe, foi preciso trazer o festival para o outro lado do rio. Quando a administradora das salas de shopping (são quatro, dedicadas a filmes ultracomerciais) negou abrigo ao Vale Curtas, surgiu a ideia de armar o circo. A decisão foi mais que acertada.
"Tivemos uma média de 400 pessoas por noite, e o que é melhor, um público bastante diversificado e que se renovava a cada exibição", diz Chico Egídio. E o melhor, sem apelar para a cartela da Globo Filmes, com programação 100% baseada no que há de novo no circuito independente curtas-metragens.
De 183 curtas inscritos nas mostras competitivas, 40 foram selecionados e treze premiados com o trofeu Cari. Na média, foram bons filmes. Além de diretores de Pernambuco (Marcos Enrique Lopes (Tempo impresso), Eva Jofilsan (Wilma) e Ionaldo Araújo (Uma noite em 68), jovens realizadores vieram de São Paulo: Chris Tex e Rodrigo Gasparini, que receberam o prêmio especial do primeiro curta por O último Jokenpô (também selecionado para a Mostra de Tiradentes); e Lorena Pereira por KM 17,5.
Um dos melhores curtas do ano, Céu, inferno e outras partes do corpo, de Rodrigo John, foi eleito o melhor do festival, em cerimônia de premiação flutuante, a bordo de um barco noite de sábado adentro.
"O Vale Curtas tem o papel fundamenteal de proporcionar o primeiro contato do público com o cinema", diz Antonio Leal, vice-presidente do Fórum dos Festivais, que promoveu um balanço dos festivais brasileiros em 2011, em reunião de representantes de festivais da Bahia e Pernambuco. Nada mais simbólico do que esse encontro acontecer entre Petrolina e Juazeiro, onde a geografia conta a favor.
Ministrada por Rutílio de Oliveira, a oficina de atuação capacitou artistas locais, de olho em filmes que ali aportam: Canudos, Deserto Feliz e Beira do caminho, novo filme de Breno Silveira, utilizaram Petrolina como locação.
(Diario de Pernambuco, 17/01/2012)
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Um comentário:
Legal, pena que perdi...
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