segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Entre o psicológico e o sobrenatural



Suspense psicológico acima da média, A casa dos sonhos (Dream house, EUA, 2011) chama a atenção já pelo cartaz: duas garotas, de costas, têm a estampa de seus vestidos fundida com o papel de parede da casa, supõe-se, onde moram. Seriam elas fantasmas ou fruto do delírio? O segundo atrativo é o elenco, liderado por Daniel Craig, Rachel Weisz, Naomi Watts e Elias Koteas. Isso, aliado à direção do irlandês Jim Sheridan (Meu pé esquerdo, Em nome do pai, O lutador), é suficiente para valer a ida ao cinema.

Lá encontramos Craig no último dia de trabalho. Pediu demissão, quer se dedicar mais à família, para a qual acaba de comprar uma casa nova, no subúrbio. Em conversa com a esposa (Weisz), ele comenta sobre o livro que pretende começar a escrever. O sossego acaba logo que Craig descobre um grupo de adolescentes no porão, em culto para o assassino que matou brutalmente os antigos moradores. Teria ele levado sua família para uma casa amaldiçoada?

O roteiro traz uma série de reviravoltas ao redor de Craig, o que evita a vala comum dos filmes de serial killer. Novas informações causam vertigem, e quando o chão lhe falta aos pés, a vizinha da frente (Naomi Watts) se revela aliada, ao contrário de seu ex-marido. Entre o psicológio e o sobrenatural, A casa dos sonhos está diretamente ligado a O iluminado, de Kubrick, não somente pela referência às irmãs que vagam no Overlook Hotel. Há nele o fantasma de Jack Torrance, vivido com maestria por Jack Nicholson. Claro que o filme de Sheridan não chega a tanto. Ao contrário, pelo tanto que promete, fica aquém das expectativas. Mesmo assim, vale a sessão.

(Diario de Pernambuco, 06/11/2011)

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