sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Canavial expande fronteiras



Otto e Quinteto Violado em Vicência. Chico César e Silvério Pessoa em Nazaré da Mata. Tribo de Jah em Goiana. Estas são apenas os nomes principais do Festival Canavial 2011, que pela primeira vez cruza as fronteiras da região da Zona da Mata e se envereda pelo Sítio Histórico de Olinda e João Pessoa, na Paraíba. Nos próximos 23 dias, o evento traz mais de 60 atrações para oito cidades, com entrada franca.

A programação começa hoje, em Vicência, com o seminário Celebração da Consciência Negra - Matriz Africana e Brasilidade e apresentação da Orquestra 15 de Novembro. Será às 14h, no Ponto de Cultura Poço Comprido. A etapa em Goiana começa amanhã e traz, a partir das 19h Nova Goiana, o Caboclinho Tapuia Canindé, Sete Flexas, Pretinhas do Congo e Coco da Yá.

No último fim de semana, dias 10 (Olinda) e 11 de dezembro (João Pessoa), a atração principal será a dupla Jorge Mautner e Nelson Jacobina, que apresenta o show Maracatu Atômico – Kaosnavial com Afonjah, Mestre Zé Duda e o Maracatu Estrela de Ouro. Além do show, haverá a estreia do filme Maracatu Atômico – Kaosnavial, dirigido por Afonso Oliveira e Marcelo Pedroso, da Símio Filmes.

Além do rol de ilustres visitantes, o Festival Canavial reúne boa parte dos artistas sediados na Zona Mata, a saber: Ticuqueiros, João Limoeiro, Italo Pay e a Zabumba Mundi, Toadas de Pernambuco, Cavalo Marinho Mestre Batista, entre outros. Em Tracunhaém (dias 5 e 6), por exemplo, além da programação de shows, haverá oficina de ciranda com o Mestre Genivaldo, da Ciranda Girassol do Amor (Condado).

Outra novidade da edição 2011 é que a programação de cinema cresceu e se tornou um evento autônomo, a Mostra Canavial de Cinema (leia matéria na página 2). Isso não exclui as sessões do cineclube Cinemata, marcadas para os dias 19 e 20, em Vicência. Programação completa no site www.festivalcanavial.com.br.

Curtas-metragens no canavial - Começa amanhã a Mostra Canavial de Cinema, o primeiro evento do gênero sediado na Zona da Mata Norte pernambucana. Durante os próximos nove dias, onze curta-metragens serão exibidos em seis cidades: Goiana, Condado, Tracunhaém, Nazaré da Mata, Vicência e Aliança. A entrada é franca.

“Queremos trazer algo para a Zona da Mata que não seja televisão. Apresentar novas possibilidades. Tenho certeza maioria do público nunca foi ao cinema”, justifica o coordenador da mostra, Caio Dornelas. Sobre a seleção, ele explica que o relevante não é se são filmes da nova safra, mas o conteúdo que eles representam. “Alguns são de 2003, mas continuam inéditos na Zona da Mata”.

Mais do que exibir, a ideia é promover a troca de ideias e estimular a cadeia produtiva regional a curto, médio e longo prazo. Como pontapé inicial, foi organizado o 1º Seminário Arranjo Produtivo Local em Audiovisual na Mata Norte, que reúne produtores independentes, representantes de Pontos de Cultura, entidades do audiovisual, técnicos, gestores públicos e ativistas. O cunho político é explícito. “Da mesma forma que, em nível nacional, os recursos estão concentrados no eixo Rio-SP, em Pernambuco eles estão na capital. Vamos olhar para essa dicotomia e fazer uma autorreflexão. Os recursos existem e sua distribuição é teoricamente democrática. Precisamos acelerar esse processo”.

Outra boa notícia trazida pelo evento é a reocupação do Cineteatro Polytheama, restaurado pelo governo do estado e gerido pela prefeitura de Goiana. “O governo reformou e a prefeitura tomou pra ela”, critica Dornelas, com razão. Atualmente, apesar de contar com um projetor digital Rain, o espaço é ocupado por diferentes atividades, menos a exibição de filmes. “O cineclube funcionou lá por seis meses, todos os domingos, mas a prefeitura determinou que não pode funcionar nos fins de semana. Agora estamos exibindo no terreiro de Mãe Nininha (bairro do Mutirão)”.

Realizado com R$ 67 mil captados pelo edital do Funcultura/Fundarpe, além de apoios das prefeituras envolvidas e investimento próprio, a Mostra Canavial surgiu a partir da demanda percebida por Dornelas nas cidades em que esteve como oficineiro da Federação Pernambucana de Cineclubes. “Boa parte demandas são as mesmas”, conta. “O problema da exibição foi minimizado pela proliferação de cineclubes (são dez, em 19 cidades da Mata Norte), mas faltam estratégias de distribuição e formação continuada. A produção existe, mas apenas de forma empírica”.

(Diario de Pernambuco, 18/11/2011)

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