terça-feira, 14 de junho de 2011

De volta aos clássicos



Heitor Villa-Lobos. Elomar. Roberto Corrêa. Ney Matogrosso. Xangai. Paulinho da Viola. Sivuca. Geraldo Azevedo. Quando a gravadora Kuarup fechou as portas, em 2005, deixou um catálogo poderoso, mais de 200 títulos à deriva. A boa notícia é que eles estão de volta, em novo tratamento de áudio, ou seja, 100% remasterizados.

Desde o início do mês, os dez primeiros álbuns chegaram ao mercado, graças a uma parceria da nova diretoria da Kuarup com a Sony Music, que faz a distribuição. De acordo com Arthur Fitzgibbon, consultor artístico e um dos sócios da Kuarup, a união com a Sony foi essencial. “É importante para a Sony, que agrega valor histórico com um catálogo alta qualidade artística. Com a estrutura que ganhamos em troca, conseguimos chegar em lojas que de outra maneira nunca chegaríamos”.

A primeira leva de CDs inclui pérolas como os clássicos Os choros de câmara e A floresta do Amazonas, de Heitor Villa-Lobos. Outros registros importantes são Renato Teixeira, Pena Branca & Xavantinho, registro ao vivo de clássicos da música caipira; Noites Cariocas ao vivo no Municipal, com participação de Altamiro Carrilho, Paulo Moura e Paulinho da Viola; Sempre Jacob tributo ao mestre Jacob do Bandolim; Rolando Boldrin e Renato Teixeira; Renato Teixeira Ao Vivo no Rio; e Noites cariocas - 15 anos depois. Da MPB recente, Vander Lee teve o álbum No balanço do balaio relançado. Cada lote terá um álbum novo. Neste está o bom Deixe com o destino, da estreante Luciana Pires.

O processo de remasterização, conduzido pelo especialista Carlos Savalla, levou em conta a preservação das características originais. “Ao mesmo tempo se adequou a uma sonoridade mais moderna, que permite audição em cinco canais. O timbre original das gravações foi mantido, mas parece que elas foram feitas ontem”.

Fitzgibbon pretende manter o perfil da gravadora, com foco na música brasileira, erudita, instrumental e de raiz. “Não se vende mais como há 10 anos. A única maneira viável de existir em 2011 é procurar o equilibrio entre valor artístico e comercial. Temos gravações superimportantes de Villa-Lobos mas sabemos que elas não têm o apelo comercial de Renato Teixeira, que tem os discos mais procurados”.

De olho nas novas dinâmicas do mercado musical, a Kuarup volta também como agenciadora, editora. E oferece empresariamento e licenciamento de marca. “O que mais motivou a retomada foi trazer de volta um catálogo que muito importante, mas isso só foi possível adaptando a gravadora às novas demandas”. O reemergente mercado de vinil está nos planos e alguns títulos em breve retornarão em suporte analógico.

(Diario de Pernambuco, 14/06/2011)

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