domingo, 16 de maio de 2010

Meu Tio, de Jacques Tati, reinaugura Sessão de Arte do Cine São Luiz



A Sessão de Arte do Cine São Luiz está de volta. A programação de clássicos, que por mais de 40 anos formou gerações de cinéfilos, reabre as atividades com a comédia Meu Tio (Mon Oncle, França, 1958), de Jacques Tati.

Em caráter extraordinário, a exibição de Meu Tio será neste domingo, às 10h, precedida pelo curta pernambucano Até o sol raiá (2007), de Leanndro Amorim e Fernando Jorge. A partir da semana que vem, as sessões serão sempre às sextas (20h) e sábados (10h). Em breve, o cinema incluirá a Matinê infantil na programação dos domingos.

Na direção e papel principal, Tati é Monsieur Hulot, personagem criado em 1953 para o longa As férias do Senhor Hulot e que perduraria por mais dois filmes, Playtime (1967) e Trafic (1971). Do contraste entre a periferia onde vive e o bairro moderno onde vai visitar a irmã, surgem situações interessantes e engraçadas. Enquanto a família quer que o solteirão Hulot se case e arrume um emprego, ele se contenta em fazer passeios com o sobrinho.

A atitude jeca de sua família frente à facilidade da vida moderna é algo que Tati se dedica a evidenciar, enquanto Hulot, mudo e de trejeitos caricatos, é o clown a representar valores que insistem em destoar num mundo regido pela tecnocracia. Claramente retirado dos filmes mudos dos anos 1920, ele é objeto estranho entre máquinas automáticas e uma arquitetura que, ao contrário do que deveria, coloca seres humanos a serviço do design.

Sessão de Arte - De acordo com o programador do São Luiz, Lula Cardoso Ayres Filho, o retorno da, como o próprio define, "verdadeira" Sessão de Arte, faz parte de um plano para resgatar o brilho que a sala tinha em seu auge. "Queremos trazer de volta o público que gosta de cinema".

Surgida no início dos anos 1960, a Sessão de Arte já contou com a curadoria dos críticos Alex, Fernando Spencer, Ivan Soares e Celso Marconi. "Fez tanto sucesso que o gerente da Severiano Ribeiro teve que transferir o projeto para o Cine Coliseu, que tinha 1.800 lugares", lembra Lula, que ressalta a importância de apresentar obras importantes e desconhecidas pelo grande público.

Nesse sentido, a distribuidora Pandora é a primeira de uma série de parcerias, que inclui filmes restaurados pela Cinemateca Brasileira. Na pauta para os próximos fins de semana estão Os incompreendidos, de François Truffaut, Quanto mais quente melhor, de Billy Wilder, Morte em Veneza, de Luchino Visconti, A doce vida, de Federico Fellini, obras de Ingmar Bergman e clássicos nacionais como O homem do Sputnik, Matar e morrer, filmes da Cinédia, Atlântida e do Cinema Novo.

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