quarta-feira, 19 de maio de 2010
Bibi Ferreira - a diva e o teatro
Das veteranas atrizes brasileiras, Bibi Ferreira é a mais ilustre. Ela é herdeira de um teatro que prima pelo perfeccionismo, mas também exige reverências de seu público. Afinal ela é a grande dama da cena brasileira e em 2010 comemora 88 anos, 70 de carreira. A filha de Procópio Ferreira participa da celebração dos 160 anos do Teatro de Santa Isabel, hoje, às 20h, com espetáculo Bibi IV, acompanhada de músicos cariocas e pela Orquestra Sinfônica do Recife.
Segunda-feira, na coletiva de imprensa, Bibi até tentou guardar a surpresa de que cantaria Capiba, mas uma repórter matou a charada com uma pergunta. Ela despistou. Recife cidade lendária faz parte do repertório sofisticado, em que ela transita pelo fado português de Amália Rodrigues, a chanson francesa de Edith Piaf e o tango argentino, além de uma homenagem aos 100 do sambista e poeta Noel Rosa.
É a primeira vez que o espetáculo, que nasceu em Buenos Aires há dois meses, será realizado no Brasil. Do Recife, em regime de pré-estreia, ele segue para Porto Alegre, Rio, São Paulo e novamente Argentina. O repertório está em construção e deve incluir uma música de Michael Jackson. "Gosto muito de espetáculos ecléticos, fica mais fácil de aturar o artista". A estreia de Bibi in Concert nº 4 será em São Paulo, no mês de agosto. "Estou muito honrada de estar aqui neste teatro, onde eu e meu pai apresentamos muitas comédias, como Deus lhe pague, Não se brinca com o amor e Senhora".
Bibi e a imprensa
Bibi se refere inclusive à peça que montou com o Teatro de Amadores de Pernambuco, em 1955, a pedido de Valdemar de Oliveira. "Fiquei aqui dois meses encenando Bodas de sangue, me aproximei de Geninha, lembro o sucesso que foi no Brasil inteiro a turnê do TAP. Foi muito importante para o Rio e São Paulo, pois até então não havia aparecido um elenco nordestino que não fosse regionalista".
Ainda nos anos 1950, seu pai, Procópio Ferreira, e Valdemar de Oliveira, protagonizaram polêmica que caiu na imprensa nacional. Convidado para o centenário do Santa Isabel, Procópio ofereceu uma chanchada, veementemente negada por Valdemar. Bibi faz uma bela defesa do pai. "Era uma opinião sobre que teatro fazer na época. O TAP primava por ser quadrado, no sentido de ser certinho. Meu pai fazia teatro de cenário, sem luz, sem texto. E o teatro pleno de Valdemar entrava em choque com as chanchadas que meu pai fazia, que era praticamente improviso. Mas se ele fazia e tinha público, é porque estava certo. No teatro, só não é certo se não tiver público", sentencia.
Quanto ao protesto dos artistas, que abraçavam o Santa Isabel enquanto Bibi falava com a imprensa, ela disse não estar a par da situação, mas que para ter palco, é preciso ter credenciais. "Isso se adquire com o tempo. Tem que crescer, estudar, trabalhar muito. E olhar no espelho do teatro que já se fez aqui". Dito isso, saiu para jantar um "talharim autêntico" e assistir a nova novela estrelada pela amiga Fernanda Montenegro.
Serviço
Bibi IV
Quando: Hoje, às 20h
Onde: Teatro de Santa Isabel (Praça da República, S/N)
Quanto: R$ 20 e R$ 10(meia)
Informações: 3232-2940
(Diario de Pernambuco, 19/05/2010)
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