sábado, 24 de abril de 2010

Um novo caminho para Lætitia Sadier



Em nova fase solo, Lætitia Sadier estará no Brasil semana que vem, onde cumpre agenda em três cidades. No Recife, o show será nesta terça-feira, dia 27, no Teatro Barreto Júnior, Pina. Fundadora das bandas Stereolab e Monade, uma das vozes mais inspiradoras e cultuadas da música pop, a compositora francesa radicada na Inglaterra vem ao país em curta turnê, que inclui Porto Alegre e São Paulo. Valparaíso e Santiago, no Chile, também fazem parte do roteiro. No Recife, ingressos serão vendidos a módicos R$ 10 e R$ 5 (meia), graças ao patrocínio do Consulado Geral da França e apoio da Prefeitura do Recife.

Repleta de novidades, Lætitia sobe no palco sozinha, onde mostrará canções recentes que estarão em seu primeiro álbum solo, com lançamento marcado para setembro. De sua casa em Londres, ela diz que acaba de chegar de um tributo a Nico, organizado por John Cale. Não por acaso, Lætitia participou do evento em memória da musa que trouxe ao Velvet Underground dose de melancoliae sedução semelhante à que, por quase duas décadas, emprestou ao Stereolab, banda que ano passado decretou férias por tempo inderteminado. "Acho que precisávamos de um descanso, após 18 anos de trabalho constante. Não era o nosso desejo, mas não somos máquinas".

Enquanto continua envolto em névoa o destino da banda criada em 1990 ao lado do ex-marido, o músico britânico Tim Gane, Lætitia não pensa em revival nos palcos por onde toca. "Eu não sei tocar nenhuma dessas músicas, tenho que aprender", brinca, para depois falar sério. "Acho que ainda é cedo. Estou trabalhando para desenvolver minha própria voz. De forma que seria improdutivo cantar músicas do Stereolab nesse momento. Definitivamente, não estou pronta para isso".

Por outro lado, Lætitia está entusiasmada para mostrar o material novo, gravado durante o outono europeu. O repertório dos shows inclui músicas do Monade, projeto paralelo (ou "de autonomia", como classifica) criado após o rompimento com Tim Gane. "No Stereolab, toda a criação musical era dominada por ele e eu sentia um forte desejo de me expressar não apenas nas letras. Sinto que no Monade fomos capazes de corrigir muitas coisas. Não repetimos os mesmos erros cometidos com o Stereolab".

Esta será a segunda visita de Lætitia ao Brasil - ela esteve no país há cerca de dez anos, com o Stereolab. A viagem não ampliou as referências da música brasileira. Nos últimos tempos, ela ouviu falar sobre Cibelle, que vive em Londres. E só. "Sei que tenho todo um aprendizado pela frente. Todos gostamos da última vez em que estivemos no Brasil. Acho que vou me apaixonar novamente".

Lætitia diz que hoje a música pop de seu país vive um bom momento, mas nem sempre foi assim (leia entrevista). Dos novos talentos da França, ela recomenda o duo Holden. Das referências antigas, ela assume paixão por Ennio Morricone, emblemático compositor de trilhas para cinema. "Ele representa um ideal que busco ao compor minhas músicas, algo ao mesmo tempo sofisticado e simples, familiar e imprevisível".

(Diario de Pernambuco, 24/04/2010)

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