sábado, 10 de abril de 2010

Cine PE 2010 lançado no Rio de Janeiro


Alfredo Bertini apresenta o Cine PE 2010 na noite de quarta Foto: Daniela Nader

Rio de Janeiro - Um dia depois do previsto, a programação do Cine PE 2010 foi anunciada na Praia de Copacabana, com presença de famosos que concorrem ou serão homenageados durante a 14ª edição do festival. Coincidência infeliz, a cerimônia originalmente seria na terça-feira, dia seguinte ao temporal que arrasou a capital carioca. No entanto, algumas regiões não foram afetadas pelas chuvas, entre elas, o quadrante onde fica a sede da Oi Futuro, local do evento.

A expectativa era saber se, tal qual promete a Bíblia, depois da tempestade, viria a bonança. E qual não foi a surpresa ao encontrar no lounge o compositor Oswaldo Montenegro, cercado de câmeras e microfones. A curiosidade logo seria saciada: ele acaba de finalizar Leo e Bia, antigo projeto de música e teatro, agora vertido para o cinema com trilha de Zé Ramalho, Ney Matogrosso, Zélia Duncan, Sandra de Sá e Paulinho Moska. "Para mim é um privilégio. O melhor que poderia acontecer com o filme seria começar em Pernambuco", disse Montenegro, acompanhado de grande elenco, do qual faz parte a atriz Françoise Fourton. Roberto Farias, diretor de Assalto ao trem pagador e presidente da Academia Brasileira de Cinema, também prestigiou o evento. "É de arrepiar ver três mil pessoas reunidas para assistir ao cinema brasileiro".


Oswaldo Montenegro e equipe de Leo e Bia Foto: Daniela Nader

A programação de longas, selecionada a partir de 70 inscrições, foi anunciada pelo casal Alfredo e Sandra Bertini, que fizeram a seleção junto com Hermes Leal, editor da Revista de Cinema. Antes, Alfredo Bertini lamentou que Giuseppe Tornatore, convidado internacional que sucederia o greco-romano Constantin Costa-Gavras, não confirmou presença. Ele estaria à frente de uma mostra de cinema italiano. Disse que vai lutar para trazê-lo ano que vem.

Dos seis longas em competição, apenas Leo e Bia e o documentário Cinema de Guerrilha, de Evaldo Mocarzel, gozam de ineditismo. As melhores coisas do mundo, de Laís Bodanzky (Bicho de Sete Cabeças), será lançado no circuito comercial no próximo dia 16. Sequestro, de Wolney Atalla, Não se pode viver sem amor, de Jorge Durán, e O homem mau dorme bem, de Geraldo Moraes, já foram exibidos em outros festivais. De acordo com os organizadores, o critério foi, além da qualidade fílmica, a representação proporcional de todos os recantos do Brasil que se dispuseram a inscrever seus filmes. O mesmo valeu para guiar a escolha dos curtas.

Hors concours - Fora de competição, O bem-amado, de Guel Arraes, terá premiére nacional na noite de abertura oficial, segunda-feira, dia 26. Arraes e a Globo Filmes serão homenageados, ao lado de Julia Lemmertz e Tony Ramos. Dois outros filmes inéditos serão exibidos em sessão hors concours: Quincas Berro D'Água, de Sérgio Machado (Cidade Baixa), e Continuação, documentário sobre Lenine, dirigido por Rodrigo Pinto. Lemmertz esteve presente no lançamento e disse que guarda boas lembranças de sua passagem no Cine PE em 2003, quando participou do filme As três irmãs, de Aloísio Abranches.

Outras novidades anunciadas são a mostra itinerante em Olinda, seminários que serão transformados em livro e a volta histórica do Cine PE ao Cine São Luiz, que receberá a Mostra Pernambuco (24 e 25 de abril) e a cerimônia de premiação. Bertini justifica a presença de filmes de outros estados na mostra pernambucana, como os longas de Marcelo Brennand e de José Eduardo Souza Lima (Zé José), por serem "produtos que se relacionam ou são filmados Pernambuco". Também foi apresentada a campanha de divulgação, desenvolvida pela Mart Pet e estrelada por Bruno Garcia, Dira Paes e Flavio Pardal. Este ano, em vez de investir na combinação de cinema e símbolos regionais, o tema é economia da cultura.

O lançamento carioca do Cine PE foi justificado pela BPE Produções como um mecanismo de divulgação de Pernambuco e da cidade do Recife, o que contemplaria o interesse dos patrocinadores locais (Fundarpe, Empetur e Prefeitura do Recife). Outro motivo, disse Bertini, é o fato de que boa parte dos longas e curtas selecionados são produções do Rio de Janeiro. Mas claro que um agrado aos patrocinadorescariocas faz bem. Realizado com R$ 1,9 milhão, o Cine PE precisa estar garantido ano que vem, quando a Petrobras avaliará a continuidade de patrocínio ao evento.

(Diario de Pernambuco, 09/04/2010)

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