sábado, 10 de abril de 2010

Estreia // Uma noite fora de série, ou "Querida, entramos no filme errado"



Uma noite fora de série (Date night, EUA, 2010), hoje nos cinemas, é uma comédia que brinca com clichês do cinema norte-americano. Seu roteiro ágil, inteligente e repleto de boas piadas fazem do filme um programa leve e divertido. O diretor Shawn Levy parece ter aprimorado o humor escrachado que já praticava em Uma noite no museu e o remake de A pantera cor-de-rosa.

De forma mais interessante e equilibrada, ele nos apresenta os Foster, casal quarentão, classe média, três filhos, residentes em New Jersey. Apesar de viverem num tédio só, Phil (Steve Carell) e Claire (Tina Fey) são certinhos demais para cogitar o divórcio. Quando um casal amigo anuncia a separação, Claire fica abalada a ponto de, certa noite, usar um decote mais baixo. O marido propõe jantar romântico em Manhattan, convite que repentinamente os transpõe da mais previsível comédia romântica ao típico thriller policial novaiorquino.

O bem-vindo cruzamento de gêneros traz boas referências, entre elas Depois de horas (1985), de Martin Scorsese (pela sequência de situações insanas que se acumulam pela madrugada), e O homem que sabia demais (1956), de Alfred Hitchcock. Esse último surge porque, sem querer, o casal feliz é confundido por uma dupla de gângsters com pé na polícia, que na verdade trabalham para uma caricatura de chefão da máfia (Ray Liotta). James Franco, Mark Ruffalo e Mark Wahlberg (que de certa forma revive os tempos de Dirk Diggler em Boogie Nights) ajudam a tornar críveis sequências com tiroteios e a obrigatória perseguição de carros.

Aterrorizados por estarem no filme errado, o casal vai ao departamento de polícia, onde uma detetive percebe o engano e vê na situação a chance de pegar os criminosos corporativos. Formados pela escola humorística do Saturday night live, Carell e Fey interpretam os Foster com o improviso corporal e tiradas feitas na hora, o que traz frescor e a sensação de imprevisibilidade necessárias para fazer voar a uma hora e meia de filme.

(Diario de Pernambuco, 09/04/2010)

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