domingo, 15 de fevereiro de 2009
A Zabumba que enganou o tempo
A história de Mané Rita, que viveu 104 anos e liderou a banda de pífanos da zona rural de Iati, no Agreste pernambucano, será mostrada hoje
Há 80 anos, uma banda de pífanos tem animado as novenas do sítio Trapiá, zona rural de Iati, município do agreste pernambucano. Até julho do ano passado, essa tradição foi mantida pelo zabumbeiro Mané Rita, então no alto dos seus 104 anos de vida. Ele era o principal exemplo de uma das características daquela cidade: a longevidade. Um caso peculiar, que seria apenas um entre tantos, não fosse o tino do conterrâneo Genaldo Barros em registrá-la.
Essa história, até então restrita a uma pequena cidade da zona da mata sul pernambucana, será transmitida hoje, às 14h30, para todo o território nacional no Canal Futura (disponível para assinantes). O baque da zabumba centenária contra o tic-tac do tempo foi um dos 40 roteiros aprovados pelo projeto Revelando os Brasis, parceria entre o Instituto Marlin Azul e o Ministério da Cultura, que desde 2006 viabilizou 120 produções audiovisuais. Junto com o vídeo, com duração de 15 minutos, haverá entrevista com o diretor, concedida ao ator Ernesto Piccolo.
Como uma peça pregada pelo destino, Mané Rita morreu no último 23 de julho, duas semanas antes do início das filmagens. Mesmo assim, Genaldo levou à frente o projeto, agora se valendo de depoimentos da família e dos amigos hoje responsáveis pela banda fundada pelo mestre: José Rita (filho de Mané Rita), 73 anos; Manoel Gonçalves, 70; Nêgo Rita, 69; Pedro Pereira, 65; e Manoel Titino, 62.
Questionado sobre os planos para a nascente carreira no cinema, Genaldo Barros responde prontamente que não considera seu trabalho de estreia como uma obra cinematográfica. Para ele, o termo tem mais a ver com narrativas grandiosas e de fantasia do que com documentários como os seus. "Quero somente registrar as histórias da minha região, como venho fazendo de outras formas há mais 20 anos", diz o realizador de 53 anos. Do rol de futuras produções, ele adianta duas para a reportagem do Diario de Pernambuco: uma é sobre a fazenda que foi a maior distribuidora de mão-de-obra escrava no Nordeste; outra, diz respeito à passagem de Lampião por Iati, contada por parentes de cangaceiros que ainda guardam tais aventuras na lembrança. Indícios de que Mané Rita e a sua zabumba centenária podem ser apenas o começo - e dos bons.
Serviço
O baque da zabumba centenária contra o tic-tac do tempo
Onde: Canal Futura
Quando: Hoje, às 14h30 - reprise na terça-feira, às 23h30
publicado no Diario de Pernambuco
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