domingo, 22 de fevereiro de 2009

Oscar 2009 - a grande noite do cinema





A partir das 22h de hoje acontece a 81ª edição do Oscar, em cerimônia promovida pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Neste novo transe na indústria do cinema americano, produções e profissionais disputam a esguia estatueta dourada no Teatro Kodak, em Los Angeles. Ao que tudo indica, o clima será de recomeço: salão azul, objetos de cristal, desenho oval e orquestra visível ao fundo. Tudo para relembrar as primeiras festas dos anos 30.

O Oscar 2009, que será apresentado pelo ator Hugh Jackman, se realiza num contexto político bem diferente dos últimos anos. É desafiante imaginar como Hollywood se posicionará agora que um presidente democrata está no poder e o resultado da premiação tem tudo a ver com isso.

A disputa está acirrada pela estatueta de melhor ator principal: Rourke, Pitt ou Penn? Entre as atrizes, Kate Winslett carrega boas chances. Indicada pela atuação em O leitor (The reader), ela ainda demonstrou habilidade comoa triste esposa em Foi apenas um sonho (Revolutionary road). Entre os indicados a melhor ator coadjuvante repousa a maior expectativa da noite: Heath Ledger irá mesmo ganhar um Oscar póstumo por interpretar o Coringa em O cavaleiro das trevas? Se sim, será o primeiro falecido a levar o Oscar desde Peter Finch (Rede de intrigas, 1977).

Considerando o histórico conservador em preferir obras essencialmente "americanas", O curioso caso de Benjamin Button se posiciona como franco favorito. Menos pelas 12 indicações e mais pelo que representa para um país que, se transparece uma mudança de atitude, dificilmente abrirá mão de certos valores morais incrustados na alma.

Indicado em 10 categorias, Quem quer ser um milionário? (Slumdog millionaire), de Danny Boyle (Trainspotting, Extermínio, Sunshine , A praia) vive carreira arrebatadora e aponta para a ascensão de um novo cinema globalizado. Eleito melhor filme de 2009 pelo Bafta (Inglaterra) e Globo de Ouro, o filme de Danny Boyle também demonstra a crescente - e estratégica - relação Hollywood / Bollywood. Antes de dar como certa a estatueta de melhor filme, no entanto, é preciso considerar que a produção em questão é britânica, dirigida por um irlandês, e com 99% do elenco formado por indianos.



O resultado mais radical seria premiar Milk - a voz da igualdade. O filme de Gus Van Sant acumula vários méritos e coloca a prova o discurso liberal com um filme sobre a importância dos gays assumirem publicamente sua sexualidade. Já a presença de O leitor e Frost/Nixon entre os candidatos leva a questionar a ausência de filmes que injustamente ficaram fora do páreo, como Gran Torino, Foi apenas um sonho e O lutador.



Por fim, um lamento: pela primeira vez em décadas, o Oscar não será transmitido ao vivo na TV aberta brasileira. A Rede Globo, detentora dos direitos, preteriu o evento em prol da imbatível conjunção entre Fantástico, BBB9 e o desfile das escolas de samba. Sendo assim, para acompanhar a cerimônia ao vivo pela TV, é preciso ser assinante do canal pago TNT, que transmitirá o Oscar com tradução simultânea e comentários de Rubens Ewald Filho.

publicado no Diario de Pernambuco

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