sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

No limite entre sonho e realidade*


Alguma compulsão por botões parece ter baixado em Hollywood. Primeiro, no longa protagonizado por um certo Benjamin Button, que fez fortuna fabricando estes pequenos objetos. Agora, eles ressurgem na animação Coraline e o mundo secreto (EUA, 2009), em que uma garota entediada é conduzida a uma dimensão paralela habitada por seres com botões costurados no lugar dos olhos.

Dirigido por Henry Selick, o longa feito com bonecos e técnica stop-motion é uma adaptação do livro homônimo do inglês Neil Gaiman, cuja obra tem sido reprocessada aos poucos para as telas do cinema - vide os recentes MirrorMask e Stardust. Coraline, que estreia hoje nas salas de cinema dos shoppings, em cópias dubladas - uma delas em estimulante projeção 3D - é uma típica história de Gaiman, especialista em ambientes soturnos e situados no limiar entre sonho e realidade.

Tudo começa quando a menina Coraline e família se mudam para um casarão antigo. Ela não sabe, mas o local é habitado por uma bruxa que devora e aprisiona a alma das crianças. Rodeada de pais quase sempre dispersos, e vizinhos com hábitos estranhos, Coraline foi facilmente seduzida por um mundo fantástico, em que todos os seus desejos são atendidos.

Ao lado de O estranho mundo de Jack, também dirigido por Selick, e A noiva cadáver (com a qual compartilha a produtora Laika Entertainment), Coraline é uma fábula de horror para adultos, não por acaso, recomendada para maiores de dez anos. Um belo programa, em que a imagem clássica da bruxa má é o que menos assusta, neste mundo de agulhas, botões, e fantasmas de crianças presas do outro lado do espelho.
* publicado no Diario de Pernambuco

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