terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Som da Terra investe no sotaque regional


Banda que na década de 80 conquistou o disco de ouro com o hit carnavalesco Balança o saco busca novamente o caminho da fama longe dos contratos com gravadoras

Com 33 anos e oito álbuns de estúdio, o Som da Terra é um dos mais tradicionais da música pernambucana. Seu estilo pode ser definido como MPB de sotaque regional, já que sua gama de composições varia entre gêneros da cultura popular: frevo, maracatu, caboclinho e forró. Nos próximos dias, não faltará oportunidade para curtir a banda. Eles tocam em todos os dias do carnaval: sexta-feira em Olinda; sábado, no Galo da Madrugada (onde prestam homenagem ao fundador, Enéas Freire); domingo, no Pólo Guararapes; segunda, no carnaval de Bezerros; e terça-feira, no de Jaboatão dos Guararapes.

Durante estes shows, um naipe de metais será acrescido à banda, hoje formada por Kayto, Rominho, Zé Carlos, Wilson Pessoa, Flávio de Souza, Jacaré, Doca e Bequinho. Após cumprir a agenda, eles caem na estrada para trabalhar o novo CD no Sudeste, onde pretendem retomar a carreira de sucesso conquistada nos anos 1980.

O Som da Terra se lançou nacionalmente em 1977, com a música Na terra de Lampião (do primeiro álbum, Agreste), que foi tema do personagem Zeca Diabo, vivido por Lima Duarte na novela global O bem amado. Após conquistar o reconhecimento, o grupo introduziu no carnaval pernambucano o Trio Elétrico Tropical, onde participou da Turma do Pingüim e permaneceram até 1985. Foi quando a banda lançou o disco No meio do mundo, cujo frevo Balança o saco rendeu ao grupo a marca de 140 mil cópias vendidas em questão de semanas, e o posto de única banda pernambucana a conquistar um disco de ouro.

Zé Carlos, um dos compositores, diz que ninguém esperava que a música se tornasse um hit. "Fizemos só por safadeza, mas o produtor insistiu e colocamos na última faixa". Eis que Balança o saco virou um dos hinos do carnaval de 1986, cujo bordão "Ai, ai, ai, ai... Em cima, embaixo, empurra e vai" ficou marcado para sempre no repertório popular do país.

O recém-lançado álbum Na terra ou no céu o maior carnaval, com 12 frevos-canção, um caboclinho e um frevo de bloco, surge após 20 anos deindependência artística, ou seja, longe dos contratos com gravadoras. Entre as inéditas está O galo no céu, sobre a festa dos anjos para recepcionar Enéas Freire. As regravações de sucessos incluem Arrepiou, Pelas ladeiras e No meio do mundo.

"Hoje, o forte da banda são os vocais", diz Kayto, responsável por reger as vozes do grupo, nos moldes inspiradores do MPB-4, 14 Bis, Boca Livre e Roupa Nova. Qualidade que, segundo Rominho, que acumula as funções de artista e empresário do Som da Terra, levará o grupo à sua retomada nacional. "Queremos voltar ao topo. Na época, não conseguimos conviver com o sucesso, mas hoje temos a maturidade necessária para mostrar nosso trabalho", garante o músico, assumindo a dura missão de transportar o encontro entre frevo e mercado para além dos quintais carnavalescos.

publicado no Diario de Pernambuco

Um comentário:

Anônimo disse...

se jogando no carnaval, hein!