sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Longe da ideia de Papai Noel
Feliz Natal, longa de estreia de Selton Mello, vai na contramão do espírito de amor, paz e família reunida no final de ano
A cada 25 de dezembro a cena se repete: família reunida, troca de presentes, espumante e muita comida na mesa. Ocasião perfeita para o parente bêbado dizer impropérios, e quem sabe provocar um "barraco" com a lavagem da roupa suja. Esse é o pano de fundo de Feliz Natal (2008), longa de estreia de Selton Mello. Com certo atraso, o filme entra no circuito do Recife via Cine Rosa e Silva.
Feliz Natal conta a história de Caio (Leonardo Medeiros), que quando jovem levou uma vida vazia e inconsequente, e após situação traumática, se exilou anos a fio numa cidade do interior. Hoje, na casa dos 40, um balanço existencial o leva a bater na porta da casa dos pais, em plena ceia natalina.
O que ele encontra não é nada bonito: a mãe (Darlene Glória), afogada em álcool e anfetaminas; o pai (Lúcio Mauro), obcecado pela performance sexual com a nova namorada de 20 anos; o irmão (Paulo Guarnieri) enfrenta decepção conjugal. Sinais de decadência encontráveis na própria casa onde um dia viveu, com alcatifa da parede e espelhos oxidados, em competente direção de arte de Renata Pinheiro (Superbarroco) e fotografia de Lula Carvalho.
Em pouco tempo, Caio deixa o "lar" novamente, e busca abrigo no apartamento de dois amigos "junkies". No subúrbio de tons encardidos, ele pode reviver os fantasmas do passado. "Eu estou muito mais neste filme do que todos os personagens que já fiz", garante Selton Mello, diretamente inspirado no cinema de John Cassavetes, por buscar na força interpretativa dos atores, um contraponto sombrio e visceral à pasteurizada imagem da noite feliz.
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