segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Ingênuo demais, até para o Capitão



Pelo que indicavam os filmes anteriores da Marvel Studios, Capitão América - O primeiro vingador (EUA, 2011) poderia ser bem melhor. Ainda mais por ser o último antes de Os vingadores, que em 2012 reunirá Thor, Homem de Ferro, Hulk e, como líder, este símbolo da invencibilidade norte-americana, que literalmente veste a bandeira de listras e estrelas. No entanto, o longa de Joe Johnston (que nos anos 1990 já havia feito uma boa adaptação, Rocketeer) fica engessado no que há de mais questionável no personagem, seu lado bom-moço, puro, disposto a morrer pelo país. Criado em 1941 por Joe Simon e Jack Kirby, nos anos 60 resgatado pela Marvel Comics, o personagem ja teve melhores encarnações.

Nao que o ator Chris Evans, conhecido como o Tocha Humana do Quarteto Fantástico, tenha sido ma escolha. Se isto fosse um problema, seria o menor deles. Com bastante manipulação digital, seu Steve Rogers surge como cachorro magrelo, candidato renegado para lutar nas linhas inimigas da Alemanha durante a Segunda Guerra. Até que o Dr. Erskine (Stanley Tucci) vê no garoto a cobaia ideal para se tornar o supersoldado, resposta "do bem" para os delirios da supremacia ariana.

Do lado de lá está a HYDRA, organização nazista chefiada por Johann Schmidt (Hugo Weaving), o primeiro a experimentar a fórmula do supersoldado,quando ainda estava incompleta. Ele toma posse de um poder ancestral, com o qual é capaz de passar por cima do próprio Fuhrer. Quando passa a controlar essa forca, deflagrada a partir de cubo encontrado numa piramide egípcia, se torna inevitável comparar o comportamento de Herr Schmidt com o vilão de The Matrix, Mr. Smith, interpretado de forma parecida por Weaving.

Assim como o grupo de matadores nazistas organizado pelo Capitão América, que lembra bastante o de Bastardos inglórios. No entanto, o que o filme de Tarantino tinha em atitude, este tem em ingenuidade. O affair com a oficial Peggy Carter (Hayley Atwell) não poderia ser mais pudico. O único beijo do casal é trocado como fosse biscoito. O filme acerta ao colocar o herói como peça de publicidade em shows e HQs enquanto o Coronel Phillips (Tommy Lee Jones) não se convence de sua real utilidade. Mas escorrega ao desdobrar esse espirito ao restante do filme, que alem disso adota um tom grandiloquente que nem de longe corresponde à sua força narrativa. Não foi dessa vez, Cap.

(Diario de Pernambuco, 01/08/2011)

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