sexta-feira, 26 de agosto de 2011
Do laboratório à angústia existencial
Uma das franquias mais cultuadas do cinema se rende à onda dos prequels, os filmes do tipo “como tudo começou”. Planeta dos macacos - a origem (The rise of planet of apes, EUA, 2011) faz jus ao melhor da série, os dois primeiros filmes, estrelados por Charlton Heston em 1968 e 1970. Se aqueles trazem a estranheza de reconhecer no futuro o fim da civilização humana, este leva a refletir sobre os erros que motivaram tal ruína. Longe da cosmética de Tim Burton em seu remake de 2001, o filme de Rupert Wyatt (O escapista) funciona como entretenimento, é visualmente instigante e faz pensar. O que mais podemos querer de um blockbuster?
Antes dos chimpanzés “humanistas” Cornelius e Zira, havia César. Quem acompanhou a série deve se lembrar dele por ter liderado a revolução dos símios em A conquista do planeta dos macacos (1972). Ele volta à vida, agora, via Andy Serkis (Sméagol, de O senhor dos anéis, e o rei gorila em King Kong). Ao lado dele, James Franco - cientista que testa a cura para o mal de Alzheimer (seu pai, John Lithgow, é uma vítima) em cobaias, como a mãe de César, que se rebela e morre. Sobra para Franco criar o filhote, com o qual desenvolve relação de afeto, incompreendida pelo mundo.
Revolução se faz com inteligência, estratégia e força bruta. Frente à arrogância e estupidez humana, não resta outra escolha a César. O filme desenvolve essas etapas até a monumental sequência de enfrentamento na ponte que liga a cidade de San Francisco à área verde que os macacos almejam dominar.
Impressiona a semelhança do filme com 2001 - uma odisseia no espaço. Não só na concepção dos símios, tão ou mais humanos que os próprios, como na abordagem filosófica. Assim como no clássico de Kubrick, os olhos são o princípio do irreversível processo de tomada de consciência, a mesma que leva à angústia existencial.
(Diario de Pernambuco, 26/08/2011)
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