segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Mais movimento para o stop-motion


Entre outros clássicos, festival exibirá trechos de Viagem à Lua, de Méliès

Em novembro, o Recife será sede de um novo festival de cinema. Não se trata de “mais um” entre as centenas de janelas para exibição de filmes, mas o primeiro evento do Brasil dedicado a apresentar, fomentar e refletir a produção mundial de stop motion. Com coordenação de Ana Farache, Paulo Cunha, Clara Angélica e patrocínio da Fundarpe (via Funcultura), o 1º Festival Internacional Brasil Stop Motion abre inscrições oficialmente hoje e se realiza entre os dias 21 e 27 de novembro, no Cinema São Luiz e na Universidade Católica de Pernambuco.

No cinema, ficarão as mostras competitivas e os programas especiais, trazidos em parceria com os festivais de Montreal e Anima Mundi. Na Unicap, haverá oficinas e palestras. Um terceiro espaço, ainda em negociação, será a Praça da Ribeira, em frente ao Museu do Mamulengo, em Olinda (além da Unicap, o evento conta com o apoio da Prefeitura de Olinda).

Entre os filmes confirmados estão o longa cubano 20 ãnos, de Bárbaro Joel Ortiz (que vem ao evento), e trechos de Minhocas, o primeiro longa-metragem em stop motion do Brasil, produzido em Florianópolis pelo estúdio Animaking. “Iremos também editar um filme que destaca as primeiras produções do gênero, juntando Eadweard Muybridge, George Méliès e outros”, diz Ana.

Entre os convidados, o construtor de bonecos uruguaio Fernando Sequeira e os brasileiros Quiá Rodrigues (Canal Brasil), Daniel Herthel e Patricia Alves Dias (Projeto de Animação Brasil-Cuba). De Pernambuco, participam os animadores Nara Normande (diretora do inédito Dia Estrelado) e Marcos Buccini e os fotógrafos Geórgia Quintas e Eduardo Queiroga.

Ana Farache entende o stop motion como um universo em expansão e vê no festival uma forma de incentivar essa produção no estado. “Minha ideia é criar um núcleo. Olhar para a experiência de outros países, como Cuba e Canadá”. Para ela, a técnica é uma saída viável economicamente (é mais barato do que realizar uma animação 3D) e favorável para exercitar duas criatividades locais: o artesanato e a tecnologia.

“Criar e dar mobilidade aos bonecos é um trabalho minucioso, no qual temos talento. E a modelagem inclui construção de cenários, direção de arte… Ao mesmo tempo, as imagens são capturadas e editadas digitalmente. É uma técnica fotográfica, de trabalhar quadro a quadro, que remete aos primórdios do cinema, desde Viagem à Lua, de Méliès”.

A ideia que levou ao festival surgiu quando Ana promoveu uma palestra na Unicap, onde é professora de artes e novas tecnologias para o curso de fotografia. “Chamei Nara Normande para fazer uma palestra e durante os exercícios, achei incrível como os alunos absorveram rápido e fizeram coisas interessantes. Disse a eles que seria bom inscrever os trabalhos em festivais e percebi que não havia tantas opções. Quando descobri o Festival de Montreal, que está no segundo ano, pensei em fazer algo assim no Brasil”.

As inscrições para o Brasil Stop Motion estão abertas até o dia 17 de outubro, pelo site www.brasilstopmotion.com.br. Podem participar da mostra competitiva obras com pelo menos 75% produzidas com a técnica.

(Diario de Pernambuco, 28/08/2011)

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