sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Estilhaços no sonho americano



Adaptação do livro homônimo de Richard Yates, o drama conjugal Foi apenas um sonho (Revolutionary road, 2008) marca a volta do diretor Sam Mendes a um tema já introduzido em Beleza Americana (1999): o questionamento das normas e convenções sociais baseadas no american way of life. É emblemático que o tempo-espaço estabelecido seja o subúrbio de Nova York dos anos 1950, época em que o império se afirmava a partir de estereótipos como o da família feliz, mesmo que às custas de alguns amantes e um emprego medíocre.

Tudo isso se materializa na história dos Wheller (Leonardo DiCaprio e Kate Winslet), jovem casal tido pelos vizinhos como modelo de família feliz. Exceto pelo fato de April, a esposa, não reconhecer mais no marido Frank, que galga carreira de vendedor para sustentar os filhos, a pessoa brilhante com quem se casou anos atrás.

Decidida a reavivar a relação, ela propõe uma fuga definitiva para Paris, o que gera curiosas reações nos vizinhos e colegas de trabalho. A mais interessante vem da figura louca(ou enlouquecida por pais alienados e ultraconservadores) e sincera de John Givings, interpretado por Michael Sannon, não por acaso indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante.

Não deixa de ser irônico que o longa seja estrelado pela dupla DiCaprio e Winslett, eternizada como o casal apaixonado de Titanic. Onze anos depois, essa imagem é finalmente estilhaçada por Mendes, numa produção que reduz o sonho americano a uma fuga confortável, vazia e sem esperança.

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