sábado, 24 de janeiro de 2009
Lula, o filme, chega às telas este ano
Diretor Fábio Barreto pretende estrear a cinebiografia ficcional do presidente em outubro
André Dib // Especial para o Diario
andrehdib@gmail.com
Garanhuns - No set de Lula - O filho do Brasil, Fábio Barreto agia de forma um tanto apreensiva. No terceiro dia de filmagens, repetiu pelo menos uma dezena de vezes a cena da partida do pau-de-arara, que conduziu a família de Dona Lindu de Caetés ao litoral paulista. Um perfeccionismo mais do que justificado, considerando a importância da história a ser retratada. Inicialmente, o filme seria um documentário. Três anos atrás, quando se optou pelo gênero ficcional, o filho mais novo de Luiz Carlos e Lucy Barreto foi uma escolha natural para conduzir a produção. Em entrevista exclusiva ao Diario, Barreto revela detalhes do que pode ser seu mais ambicioso projeto, que deve estar nos cinemas ainda em 2009.
Entrevista // Fábio Barreto: "Estaremos no Oscar do ano que vem"
Uma inevitável dúvida paira sobre as implicações políticas de produzir um filme sobre um presidente em exercício, que certamente estará em cartaz em ano eleitoral. Como você vê esta questão?
Este é um filme sobre o lado humano de Lula, não o político. Tanto que o filme termina em 1980, com o enterro de Dona Lindu. O único momento em que se toca em política é no contexto de líder operário, onde mostramos nele a preocupação de não deixar o sindicato ser tutelado por nenhum partido político. Para ele era fundamental defender o direito do trabalhador, não pela via partidária, pois Lula era um humanista. Daí ele ter chegado onde chegou.
Qual o conceito do projeto?
Esse filme trata principalmente de três esferas. A primeira é a da perda e superação. A segunda, é a da relação entre mãe e filho, ou seja, como o filho herda de uma maneira muito forte uma base moral e ética muito profunda, de uma guerreira que arrancou sete filhos do nordeste em um pau de arara. É bom lembrar que Lula nasceu em uma época em que o índice de mortalidade do Nordeste era de 35%. E a terceira é sobre a família, os Silva, que passaram pelo mesmo destino de outras milhares de famílias brasileiras.
O filme é uma adaptação do livro de Denise Paraná?
Não. O livro da Denise é uma rica coletânea de informações e depoimentos. Fizemos do filme uma ficção mesmo. Creio que o gênero desse filme é o da "dramaturgia de informação".
Então seria uma cinebiografia?
Sim, uma cinebiografia ficcionada. Como existem várias: Ghandi, Nixon, Bush, Chaplin. Lula hoje é uma personalidade brasileira do nível e extensão somente comparável a Carmem Miranda e Pelé.
O filme pode saciar o que seria uma curiosidade mundial em torno do presidente?
Ele vem exatamente para isso. Temos um plano de fazer um lançamento continental em setembro ou outubro, e depois na Europa. Assim como o lançamento no circuito comercial, pois não queremos entrar em 2010, que será ano eleitoral. Além disso, outubro é uma boa época para estar entre os filmes com potencial para o Oscar. Essa é uma certeza que eu tenho: a de que estaremos no Oscar do ano que vem.
Que estética foi adotada para o filme?
Estou tentando romper com o que fiz até agora em termos de linguagem com a câmera, tentanto dar a maior força possível para o que está sendo encenado, da mise en scène à marcação de atores. A fase Nordeste é muito despojada e simples. Escolhi uma abordagem em que a câmera participe o mínimo das situações. Indo para Santos, a família sai de uma realidade para outra, igualmente adversa, só que mais violenta, marcada pelo alcoolismo de um pai doente, que reprimia muito os filhos. Aí, sim, usarei mais interferências e movimentos de câmera. Em termos de referência visual, vejo uma mistura louca entre Sangue negro, de P.T. Anderson, que seria o máximo do épico, até Gomorra, por ser uma ficção feita como se fosse documentário.
E quanto à trilha sonora?
Estou conversando com Jaques Morelenbaum, que já trabalhou comigo em A paixão de Jacobina e em O quatrilho. Por se tratar de um filme histórico, que vai de 1945 a 1980, também vamos ter trilha incidental para pontuar cada época. Teremos de Luiz Gonzaga a Ray Conniff, que a família de Lula ouvia bastante em São Paulo. Vamos investir na própria Dona Lindu, que cantarolava músicas de Jackson do Pandeiro.
Uma das características dos filmes da LC Barreto é a de fazer filmes em família. Como tem sido essa experiência para você?
Tem suas vantagens e desvantagens. Por um lado, todas são pessoas do mais alto nível e gabarito. Meu pai é o maior produtor de cinema da América Latina, com milhões de prêmios internacionais, e trabalhar com ele significa ter condições que raramente são providas em outras situações. A desvantagem é que entre família tudo é mais passional. Rola briga, desgastes, estresses, e às vezes as relações afetivas se sobrepõem às profissionais. Às vezes sou tratado mais como filho do que como diretor.
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2 comentários:
sabe que curti muito sua idéia de clipar seu trabalho na internet no blog? muito legal!
Oi Lidianne. A idéia é manter as matérias e textos exclusivos para o blog. Aguarde novidades.
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