domingo, 19 de abril de 2009

Os melhores shows do Abril Pro Rock 2009 - noite de sábado, 18 de abril

Por ordem de entrada no palco:


HEAVY TRASH (EUA)

O show começou na surdina, sem aquela vinheta brega com contagem regressiva que colocam antes de cada atração. Além do que, na grade oficial, o Heavy Trash figurava entre Mundo Livre e Marcelo Camelo, só que a banda entrou logo depois da Retrofoguetes, o trio baiano de surf music e sotaque harcore.

Me dei conta de que havia começado porque Paulinho do Amparo deu o toque. É que, assim como em 2001, quando o Blues Explosion tocou depois do Textículos de Mary, o sound level estava tão abaixo do das outras bandas, que mais parecia som ambiente, equalizado com requinte. Quem não sabia, aprendeu que guitarra distorcida e berros no microfone não precisam furar os tímpanos para lembrar que estamos num festival de rock.

Jon Spencer e companhia foram direto ao ponto. Show clássico e contagiante. Bons músicos, palco despojado de qualquer elemento além do necessário. Fundo preto, equipamento, luz e atitude. Pra que mais?

Além de se garantir no gogó, Spencer se mostrou ótimo performer, pegada punk na medida que desconstrói os trejeitos do repertório rockabilly. O som é pesado e arrasador, algo como se Elvis, Chuck Berry e Jerry Lee Lewis entrassem no palco montados num rolo compressor.

Uns 40 minutos depois, hora da despedida, novamente sem convenções desnecessárias: não houve bis, os quatro músicos simplesmente agradeceram e deixaram o palco. Mais do que isso, só marcando a data da volta.


MÓVEIS COLONIAIS DE ACAJU (DF)

Direto de Brasília, o maior carregamento de gás hilariante do novo pop nacional. O grupo é quase uma big band, com metais de todo o tipo e um crooner saltante. O palco parece uma feira do interior, com baldes de plástico coloridos pendurados no alto, e fitas coloridas escorrendo para o chão.

Móveis Coloniais injetou a energia que faltava num ambiente que, após show de Volver e Vanguart, alternava entre a apatia e a falta do que fazer.

É que os músicos pareciam estar se divertindo tanto sob um código particular, entrosado e íntimo, que foi fácil convecer o público a entrar na brincadeira. Muito bom perceber que, no meio de tanta melancolia de plástico, existe uma banda que faz um som legal, despretensioso e bem humorado.


MUNDO LIVRE (PE)

Já perdi a conta de quantos shows da Mundo Livre eu já assisti, e todos eles valeram demais. Desta vez, no ensejo dos 25 anos da banda mais famosa de Candeias Rock City (apenas para lembrar o nome da atração do APR que perdi, mas dizem que foi muito boa), tivemos um set list novinho em folha.

Grande show, músicos afiados, som tinindo de bom. Músicas novas tocadas logo no começo. Os clássicos do mangue beat da metade para o final. É incrível perceber que, assim como quando lançaram Samba Esquema Noise (1994) a força da composição de Fred Zeroquatro continua lá, combativa, jovial, e ainda sem equivalente ou paralelos na MPB.

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