domingo, 27 de fevereiro de 2011
A grande noite do cinema
Hoje se realiza mais uma cerimônia do Oscar, a 63ª desde que Hollywood a instituiu como estratégia oficial para promover o próprio umbigo. Como se sabe, nem sempre as estatuetas vão para as melhores produções e profissionais, mas para aqueles que, de acordo com a política interna e o momento econômico, convém receber a condecoração. Ano passado, a escolha de Guerra ao terror em detrimento de Avatar foi um claro recado a favor de produções ´pequenas` (US$ 15 milhões contra o meio bilhão de Avatar) e com os pés fincados na atualidade.
Confira o hotsite do Oscar 2011
Dentro deste padrão, A rede social se torna o favorito deste ano. Apesar dos méritos de O discurso do Rei - e da força de seus produtores, Harvey e Bob Weinstein - e do maior número de indicações (são doze contra oito), há tempos que David Fincher está cotado para a estatueta. Em 2008, O curioso caso de Benjamin Button quase chegou lá, mas perdeu para Onde os fracos não têm vez, dos irmãos Coen.
A boa recepção de público e crítica de A rede social se reflete nos mais de 50 prêmios acumulados desde o começo do ano, entre eles o de roteiro adaptado, fotografia e trilha sonora original de Trent Reznor (Nine Inch Nails). Cisne negro, O vencedor, 127 horas e Bravura indômita têm suas chances - em comum, há o fato de serem histórias de superação - mas não será surpresa se o grande vencedor for o filme de Fincher. Muito menos será decisão injusta, pois é um filme e tanto.
Do outro lado lado do ringue, com a licença de usar vocabulário de O vencedor, está O discurso do Rei, premiado pelo sindicato dos produtores de Hollywood (considerado prévia do Oscar) e grande vencedor do Bafta (o Oscar inglês) e de outros 20 títulos. Entre os filmes falados em língua estrangeira, o favorito é Biutiful, de Alejandro González Iñárritu (de Babel, indicado a sete Oscar em 2007). Ano passado, a produção mexicana sobre morte, espiritualidade e imigração ilegal emocionou no Festival de Cannes.
Toy Story 3, que também concorre como melhor filme, deve ser eleito o melhor longa de animação. Importante a presença de O mágico, de Sylvain Chomet, legítimo representante da técnica artesanal que deu vida ao último roteiro de Jacques Tati. Ele, assim como outros indicados ao Oscar, estão em cartaz nos cinemas do Recife (consulte roteiro).
Sediada no Kodak Theatre, em Hollywood, a 63ª cerimônia do Oscar será apresentada por Anne Hathaway e James Franco. No Brasil, a cerimônia será transmitida a partir das 22h no canal pago TNT (com som original) e, após o Big Brother 11, também pela TV Globo, com comentários de José Wilker.
(Diario de Pernambuco, 27/02/2010)
Atores, a alma do negócio
Não são poucos os que escolhem que filmes assistir pelo apelo de seus atores. Mais do que com diretores, Hollywood fez sua história investindo em rostos famosos e performances notáveis. Daí a importância das categorias de atores principais e coadjuvantes na premiação do Oscar. Seu resultado aponta os padrões estéticos e dramáticos que servirão de modelo para a próxima safra de filmes.
Longe do papel de galã, a interpretação de Firth para o Rei George VI é de tirar o chapéu. Para se tornar a voz de um povo às vésperas da guerra, o Rei parou de gaguejar graças a um especialista. O papel é de Geofrey Rush, que só não ameaça o favoritismo de Bale porque este passou por visível debilitação física (emagreceu 13 quilos) para viver Dicky Eklund, que treina o meio-irmão lutador Micky Ward (Mark Wahlberg).
De volta ao páreo estão dois pesos pesados: Jeff Bridges (melhor ator em Coração louco) e Javier Bardem (melhor coadjuvante em Onde os fracos não têm vez), como um pai de família em Biutiful. Entre tantos ´monstros`, quais as chances de Jesse Einsenberg, responsável pela expressão dissimulada do fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, o jovem que melhor capitalizou alienação humana, e James Franco, que em 127 horas interpreta o alpinista que tenta sobreviver nas montanhas?
Entre as atrizes, há consenso em torno de Natalie Portman e sua intensa entrega como bailarina que se tortura para conseguir o papel principal. Sua maior rival é a veterana Annette Benning, que com Minhas mães e meu pai faz par romântico com Julianne Moore e conseguiu a quarta indicação ao Oscar. Entre as coadjuvantes, Helena Bonham Carter tem chances, como a dedicada esposa em O discurso do Rei. Assim como a jovem estreante Hailee Steinfeld, que vive a corajosa Mattie Ross de Bravura indômita. Hollywood gosta de coroar novos talentos, e isso a garota tem de sobra.
Longe do papel de galã, a interpretação de Firth para o Rei George VI é de tirar o chapéu. Para se tornar a voz de um povo às vésperas da guerra, o Rei parou de gaguejar graças a um especialista. O papel é de Geofrey Rush, que só não ameaça o favoritismo de Bale porque este passou por visível debilitação física (emagreceu 13 quilos) para viver Dicky Eklund, que treina o meio-irmão lutador Micky Ward (Mark Wahlberg).
De volta ao páreo estão dois pesos pesados: Jeff Bridges (melhor ator em Coração louco) e Javier Bardem (melhor coadjuvante em Onde os fracos não têm vez), como um pai de família em Biutiful. Entre tantos ´monstros`, quais as chances de Jesse Einsenberg, responsável pela expressão dissimulada do fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, o jovem que melhor capitalizou alienação humana, e James Franco, que em 127 horas interpreta o alpinista que tenta sobreviver nas montanhas?
Entre as atrizes, há consenso em torno de Natalie Portman e sua intensa entrega como bailarina que se tortura para conseguir o papel principal. Sua maior rival é a veterana Annette Benning, que com Minhas mães e meu pai faz par romântico com Julianne Moore e conseguiu a quarta indicação ao Oscar. Entre as coadjuvantes, Helena Bonham Carter tem chances, como a dedicada esposa em O discurso do Rei. Assim como a jovem estreante Hailee Steinfeld, que vive a corajosa Mattie Ross de Bravura indômita. Hollywood gosta de coroar novos talentos, e isso a garota tem de sobra.
Um Oscar para Tião
Os brasileiros torcem a favor, mas se Lixo extraordinário ganhar o Oscar, a estatueta vai para a Inglaterra. A polêmica foi levantada assim que o longa, uma coprodução entre a O2 Filmes, de Fernando Meirelles e a britânica Almega Projects, de Angus Aynsley, foi indicado pela Academia. O fato é que, mesmo tendo sido rodado no Rio de Janeiro, com equipe 99% brasileira e parte do dinheiro obtido em editais nacionais, o filme é considerado um projeto inglês.
"A ideia original é de Aynsley. Ele queria fazer um filme sobre o Vik Muniz, convidou Lucy Walker e a O2". disse a pernambucana Karen Harley, por telefone, antes de embarcar para Los Angeles. Karen participará da cerimônia ao lado de Aynsley, João Jardim, Lucy, Vik e Tião, ou melhor, Sebastião dos Santos, líder dos catadores de lixo do aterro do Gramacho, principal locação utilizada pelo filme.
Questionada sobre quem deveria ficar com a estatueta no caso de Lixo extraordinário ganhar o Oscar, Karen foi categórica: "adoraria se o Oscar fosse para o Tião".
Leia aqui matéria sobre Lixo extraordinário.
"A ideia original é de Aynsley. Ele queria fazer um filme sobre o Vik Muniz, convidou Lucy Walker e a O2". disse a pernambucana Karen Harley, por telefone, antes de embarcar para Los Angeles. Karen participará da cerimônia ao lado de Aynsley, João Jardim, Lucy, Vik e Tião, ou melhor, Sebastião dos Santos, líder dos catadores de lixo do aterro do Gramacho, principal locação utilizada pelo filme.
Questionada sobre quem deveria ficar com a estatueta no caso de Lixo extraordinário ganhar o Oscar, Karen foi categórica: "adoraria se o Oscar fosse para o Tião".
Leia aqui matéria sobre Lixo extraordinário.
sábado, 26 de fevereiro de 2011
O bom momento do circuito local
No Recife há salas públicas e projetos mantidos por cinemas privados que formam um circuito paralelo de exibição. Algumas exibem filmes inventivos, estranhos, surpreendentes ou experimentais. Outras exibem filmes do circuito comercial, cujo acesso normalmente custaria até R$ 20, por módicos R$ 4.
Há pouco mais de dez anos, a realidade não era tão animadora. Na época, uma matéria escrita pelo crítico Luiz Joaquim (www.cinemaescrito.com), mapeou na cidade apenas três espaços do tipo. Desde 2001 programando os filmes do Cinema da Fundação ao lado de Kléber Mendonça Filho, Joaquim diz que o começo não foi fácil. Em 1998, quando a sala se tornou exclusiva para projeção de filmes, o público anual foi de 8 mil pessoas.
“Naquele tempo a gente precisava se apresentar e ganhar a confiança dos distribuidores. Já chegamos a exibir filme para apenas uma pessoa e nem por isso desistimos ou resolvemos passar Batman. Hoje temos a liberdade de escolher os filmes dentro do nosso critério de interesse”.
E foi através desse critério que a sala conquistou público fiel. Em 2010, 60 mil bilhetes foram vendidos. "Atualmente não podemos exibir todos os filmes que desejamos e acho que há uma demanda para eles. Como espectador, penso que deveria haver mais espaços de exibição para estes filmes"
Kleber Mendonça rejeita o rótulo de “cinema de arte” ou “cabeça” para classificar a programação do Cinema da Fundação, que já exibiu produções de Hollywood sem causar espanto. "Consideramos importantes alguns exibidos em cinemas comerciais, mas nem por isso vamos ajoelhar e rezar de acordo com a cartilha do mercado”.
O Recife também conta com dois cinemas municipais, sendo que um deles, o quase centenário Cinema do Parque, está fechado para reforma. Sérgio Dantas, atual gerente de audiovisual da Fundação de Cultura da Cidade do Recife (FCCR), diz que o Cinema Apolo vai combinar filmes autorais e mostras temáticas que começam com Godard, Herzog, Fellini, Polanski e David Lynch. “Também queremos apresentar a produção do Recife”, diz Dantas.
O Panorama Recife de Documentários também voltará à pauta do dia. Enquanto o Parque está em reforma, a prefeitura estuda a possibilidade de transferir o equipamento de projeção para o Teatro Barreto Junior, no Pina. “É uma reivindicação do bairro. Queremos que tenha o perfil popular do Parque. Talvez no futuro poderemos contar com três equipamentos”.
Nos cinemas privados também há espaço para filmes pequenos e notáveis. Das três salas do Cine Rosa e Silva, uma é exclusiva para eles. “Quis trazer um público diferente, com tom autoral e conciliar com o cinema comercial. Esta semana (começo de fevereiro) programamos Cisne negro, que acho que está dentro dessas duas vertentes”, diz a programadora Carol Ferreira.
Outro projeto especial é a Sessão de Arte do grupo UCI/Ribeiro, promovida há 15 anos por Pedro Pinheiro. “É uma forma de dar mais opção ao espectador que vai ao multiplex. Às vezes o público é pequeno, mas isso contribui para aumentar a qualidade da programação”.
Destino incerto para o Cinema São Luiz
Ano passado, o Recife teve o privilégio de ter de volta o Cinema São Luiz. A histórica sala, inaugurada em 1952 no centro da cidade, tinha tudo para se tornar igreja ou supermercado. Em vez disso, foi restaurado pelo governo estadual e hoje é um dos poucos cinemas de rua do país. No entanto, em termos de programação, o São Luiz viveu um 2010 conturbado pois se tornou um “pomo da discórdia” entre a Fundarpe, que gerencia o equipamento, e o então programador Lula Cardoso Ayres, destituído do cargo desde janeiro.
Durante seu mandato, Lula foi abertamente contra a exibição de filmes que já passaram pelo circuito comercial, assim como a sequência de eventos e festivais abrigados pelo local. Procurou lançar filmes inéditos na cidade e promoveu a Sessão Cinemateca, o que atraiu um público pequeno, mas fiel e ávido para assistir clássicos em 35 mm.
Enquanto o presidente da Fundarpe, Fernando Duarte, decide quem será o novo programador, os filmes são escolhidos pela coordenadora de cinema Carla Francine e o gerente do São Luiz, Cristiano Régis. “O público é o nosso termômetro. Começamos bem 2011, com Tropa de Elite 2, e vamos manter Megamente na matinê infantil”, diz Régis.
Desde que foi reinaugurada, a sala contabiliza mais de 50 mil pessoas em sessões normais, o que não inclui os projetos educativos CineCabeça, festivais e eventos - só o Festival Internacional de Cinema Infantil (Fici) realizado em outubro passado, atraiu quase 14 mil pessoas. “Isso está sendo bem positivo e atende a uma demanda real que observamos no cinema”, diz Carla Francine.
Geraldo Pinho, que já foi programador dos cinemas do Parque e Apolo, diz não enxerga problema algum em conciliar os dois perfis. “Não tenho preconceito com isso. No Parque eu cheguei a exibir 14, 15 filmes inéditos por ano, além de uma mostra de cinema iraniano. Mas boa parte era de filmes já exibidos na cidade. Costumava dizer que eles eram inéditos, pois se não passou no Parque, nosso público não tinha assistido”.
Serviço
Cinema da Fundação (200 lugares). Rua Henrique Dias, 609 - Derby. Ingressos: R$ 8 e R$ 4 (meia). 3073-6688.
Cinema Apolo (282 lugares) - Rua do Apolo, 121 - Recife Antigo. Ingressos: R$ 4 e R$ 2. 3355-3118.
Cinema do Parque (900 lugares - fechado para reforma) Rua do Hospício, 81 - Boa Vista. R$ 1. 3355- 3113.
Cines Rosa e Silva (127 lugares). Av. Rosa e Silva, 1406, Aflitos). Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia). 3207-0100.
Cinema São Luiz (900 lugares) Rua da Aurora, 175 - Boa Vista. R$ 4 e R$ 2.
(Diario de Pernambuco, 06/02/2011)
Há pouco mais de dez anos, a realidade não era tão animadora. Na época, uma matéria escrita pelo crítico Luiz Joaquim (www.cinemaescrito.com), mapeou na cidade apenas três espaços do tipo. Desde 2001 programando os filmes do Cinema da Fundação ao lado de Kléber Mendonça Filho, Joaquim diz que o começo não foi fácil. Em 1998, quando a sala se tornou exclusiva para projeção de filmes, o público anual foi de 8 mil pessoas.
“Naquele tempo a gente precisava se apresentar e ganhar a confiança dos distribuidores. Já chegamos a exibir filme para apenas uma pessoa e nem por isso desistimos ou resolvemos passar Batman. Hoje temos a liberdade de escolher os filmes dentro do nosso critério de interesse”.
E foi através desse critério que a sala conquistou público fiel. Em 2010, 60 mil bilhetes foram vendidos. "Atualmente não podemos exibir todos os filmes que desejamos e acho que há uma demanda para eles. Como espectador, penso que deveria haver mais espaços de exibição para estes filmes"
Kleber Mendonça rejeita o rótulo de “cinema de arte” ou “cabeça” para classificar a programação do Cinema da Fundação, que já exibiu produções de Hollywood sem causar espanto. "Consideramos importantes alguns exibidos em cinemas comerciais, mas nem por isso vamos ajoelhar e rezar de acordo com a cartilha do mercado”.
O Recife também conta com dois cinemas municipais, sendo que um deles, o quase centenário Cinema do Parque, está fechado para reforma. Sérgio Dantas, atual gerente de audiovisual da Fundação de Cultura da Cidade do Recife (FCCR), diz que o Cinema Apolo vai combinar filmes autorais e mostras temáticas que começam com Godard, Herzog, Fellini, Polanski e David Lynch. “Também queremos apresentar a produção do Recife”, diz Dantas.
O Panorama Recife de Documentários também voltará à pauta do dia. Enquanto o Parque está em reforma, a prefeitura estuda a possibilidade de transferir o equipamento de projeção para o Teatro Barreto Junior, no Pina. “É uma reivindicação do bairro. Queremos que tenha o perfil popular do Parque. Talvez no futuro poderemos contar com três equipamentos”.
Nos cinemas privados também há espaço para filmes pequenos e notáveis. Das três salas do Cine Rosa e Silva, uma é exclusiva para eles. “Quis trazer um público diferente, com tom autoral e conciliar com o cinema comercial. Esta semana (começo de fevereiro) programamos Cisne negro, que acho que está dentro dessas duas vertentes”, diz a programadora Carol Ferreira.
Outro projeto especial é a Sessão de Arte do grupo UCI/Ribeiro, promovida há 15 anos por Pedro Pinheiro. “É uma forma de dar mais opção ao espectador que vai ao multiplex. Às vezes o público é pequeno, mas isso contribui para aumentar a qualidade da programação”.
Destino incerto para o Cinema São Luiz
Ano passado, o Recife teve o privilégio de ter de volta o Cinema São Luiz. A histórica sala, inaugurada em 1952 no centro da cidade, tinha tudo para se tornar igreja ou supermercado. Em vez disso, foi restaurado pelo governo estadual e hoje é um dos poucos cinemas de rua do país. No entanto, em termos de programação, o São Luiz viveu um 2010 conturbado pois se tornou um “pomo da discórdia” entre a Fundarpe, que gerencia o equipamento, e o então programador Lula Cardoso Ayres, destituído do cargo desde janeiro.
Durante seu mandato, Lula foi abertamente contra a exibição de filmes que já passaram pelo circuito comercial, assim como a sequência de eventos e festivais abrigados pelo local. Procurou lançar filmes inéditos na cidade e promoveu a Sessão Cinemateca, o que atraiu um público pequeno, mas fiel e ávido para assistir clássicos em 35 mm.
Enquanto o presidente da Fundarpe, Fernando Duarte, decide quem será o novo programador, os filmes são escolhidos pela coordenadora de cinema Carla Francine e o gerente do São Luiz, Cristiano Régis. “O público é o nosso termômetro. Começamos bem 2011, com Tropa de Elite 2, e vamos manter Megamente na matinê infantil”, diz Régis.
Desde que foi reinaugurada, a sala contabiliza mais de 50 mil pessoas em sessões normais, o que não inclui os projetos educativos CineCabeça, festivais e eventos - só o Festival Internacional de Cinema Infantil (Fici) realizado em outubro passado, atraiu quase 14 mil pessoas. “Isso está sendo bem positivo e atende a uma demanda real que observamos no cinema”, diz Carla Francine.
Geraldo Pinho, que já foi programador dos cinemas do Parque e Apolo, diz não enxerga problema algum em conciliar os dois perfis. “Não tenho preconceito com isso. No Parque eu cheguei a exibir 14, 15 filmes inéditos por ano, além de uma mostra de cinema iraniano. Mas boa parte era de filmes já exibidos na cidade. Costumava dizer que eles eram inéditos, pois se não passou no Parque, nosso público não tinha assistido”.
Serviço
Cinema da Fundação (200 lugares). Rua Henrique Dias, 609 - Derby. Ingressos: R$ 8 e R$ 4 (meia). 3073-6688.
Cinema Apolo (282 lugares) - Rua do Apolo, 121 - Recife Antigo. Ingressos: R$ 4 e R$ 2. 3355-3118.
Cinema do Parque (900 lugares - fechado para reforma) Rua do Hospício, 81 - Boa Vista. R$ 1. 3355- 3113.
Cines Rosa e Silva (127 lugares). Av. Rosa e Silva, 1406, Aflitos). Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia). 3207-0100.
Cinema São Luiz (900 lugares) Rua da Aurora, 175 - Boa Vista. R$ 4 e R$ 2.
(Diario de Pernambuco, 06/02/2011)
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
sábado, 5 de fevereiro de 2011
Layka não ladra, nem morde
O elo perdido entre a pessoa que sofre e a que goza é uma cadela. No curta A vida plural de Layka, a primeira adaptação de uma história em quadrinhos feita em Pernambuco, dois vizinhos levam vidas bem diferentes. Enquanto um rememora a vida sexual, outro trabalha duro para bancar as despesas da família.
Em fase de finalização, o curta de 15 minutos é baseado em HQ de mesmo nome publicada em 2003 pela Livrinho de Papel Finíssimo Editora. Os autores, Greg (da equipe de arte do Diario) e Henrique Koblitz (que hoje mora em São Paulo), participaram de todas as etapas do projeto, do storyboard às sequências de animação.
“É a vida do brasileiro, um se dá bem, o outro não”, diz o diretor neco tabosa, que assina assim mesmo, com letras minúsculas. O Viver assistiu uma prévia do filme, com algumas animações já inseridas. As sequências combinam planos sombrios e a escatologia de banheiros, depósitos e corredores sujos com cenas de “sexo elegante” (como define o diretor) lindamente fotografadas. Outro fator que chama a atenção é a captação e mixagem de som, que privilegia ruídos e efeitos estranhos com gemidos de todo tipo.
Interpretada pela cadela Cléo B. Collier, assim batizada após participar das filmagens de Lula - o filho do Brasil, Layka não ladra, nem morde. Seus olhos são doces e escuros como jaboticaba. Ela é a estrela da produção mas está longe de ofuscar a performance da parcela humana do elenco. No longa sobre a vida do ex-presidente, é ela quem corre atrás do pau de arara que parte do agreste a São Paulo. “Cléo é uma profissional completa. Tem mais experiência do que eu, que ainda não fiz um longa”, brinca o diretor nascido na Bahia, filho de pernambucanos e que vive no Recife desde 1992.
Antes de se dedicar a Layka, tabosa dirigiu o clipe Tá como o diabo gosta, remix do Re:combo para o projeto Micróbio do Frevo e De andada, série de sete vídeos sobre os lugares que inspiraram canções do manguebeat.
Layka foi contemplado em 2008 com o prêmio Ary Severo e com R$ 80 mil (impostos inclusos) foi rodado em locações do bairro da Boa Vista. Agora pleiteia recursos no Funcultura para finalização e transfer do digital para 35mm. Não é barato trabalhar com animações e elas são essenciais para a identidade do projeto. “Quero manter o filme fiel ao discurso dos autores”, diz o diretor.
Se a intenção é manter o aspecto original, o caminho é esse. Os traços dos desenhos animados feitos pela Quadro a Quadro (de Rafael Barradas e André Rodrigues) estão bem parecidos com os de Greg e Henrique. Para quem leu o quadrinho, é como se o filme expandisse o conceito, recriado nos domínios do cinema experimental.
Ficha Técnica
Direção: neco tabosa
Produção executiva: Nara Aragão
Produção: Sara Hazin, neco tabosa e Mariana Valença
Roteiro: Greg, Henrique Koblitz, diogo todë e neco tabosa
Chefe de iluminação: João Sagatio
Direção de fotografia: Roberto Iuri
Arte: Greg, Henrique Koblitz , diogo todë, Carlota, Jorge e Moa
Montagem: Priscila Maria e Mariana Valença
Animações: Quadro a Quadro (2D), Cauê Cavernas (3D), Nara Normande e Maurício Nunes (stop-motion)
Som: Phelipe Kabeça
Desenho de som: Moa
Elenco: Sâmara Cipriano, Iris e Iara Campos, Patrícia Fernandes, Luciana Canti e Júnior Águiar e a cadela Cléo B. Collier
Vozes: Greg e Jr. Black
Finalização: Guilherme Sarinho
(Diario de Pernambuco, 08/02/2011)
"O mágico", de Sylvain Chomet, em pré-estreia no Cinema da Fundação
Uma pré-estreia e tanto hoje, às 20h50, no Cinema da Fundação: a animação francesa O mágico, onde Sylvain Chomet (Bicicletas de Belleville) coloca seu estilo característico a serviço de um cinema clássico, de narrativa linear e planos longos e abertos. A produção merece ainda mais respeito por resgatar roteiro inédito de Jacques Tati (Playtime), que antes de morrer o enviou à filha que nunca conheceu.
Daí o tom de lamento autobiográfico na história do ilusionista à moda antiga que perde espaço nos teatros mas ganha a fiel admiração de uma garota. No traço de Chomet, não por acaso o velho mágico se assemelha ao personagem avesso à modernidades Mr. Hurlot (Meu tio).
O filme é também uma reflexão sobre o cinema. Em tempos de animações digitais e 3D, o traço antigo e feito à mão de Chomet ressalta a beleza e evoca a nostalgia de uma arte cada vez mais rara.
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
Televisão reverencia memória do cinema
Em breve, uma nova série de TV vai ao ar. O tema é dos mais necessários: a memória do cinema feito em Pernambuco. Dirigido por Camilo Cavalcante, o programa OLHAR trará entrevistas com cineastas de diferentes gerações, em dez programas de 26 minutos. O lançamento será em maio, em evento no Cinema São Luiz (a série é patrocinada pelo edital do Funcultura). Na sequência ele deve ser exibido em uma emissora local e, só então, será transmitido em rede nacional, via TV a cabo.
As gravações começaram ontem, tendo como convidados o cineasta Fernando Spencer e Jomard Muniz de Brito. Eles foram entrevistados por jornalistas, críticos e colegas de geração, como é o caso de Celso Marconi. Hoje é a vez dos diretores Kátia Mesel e Lírio Ferreira. Até sexta-feira, serão Kleber Mendonça Filho, Marcelo Lordello, Marcelo Pedroso, Daniel Bandeira e Simião Martiniano, o camelô-cineasta.
"Nosso estado tem um cinema muito forte, em evidência, muito visto e premiado, mas os realizadores não são", diz Cavalcante. "O objetivo é promover uma grande retrospectiva da vida desses autores, aproximá-los do público, para que se tenha contato com seus processos criativos. Isso é algo urgente, que precisa ser transmitido pela TV. E ainda mais importante como registro para a posteridade".
Na gravação de ontem, Fernando Spencer narrou episódios remotos de sua vida, como o projetor que ganhou do pai quando criança e as primeiras sessões de cinema no bairro de Casa Forte. O período de quatro décadas em que trabalhou como repórter e editor no Diario foi lembrado com especial emoção. E revelou estar com um livro pronto, pronto para ser publicado: O viajante da fantasia.
O formato de OLHAR remete ao programa Ensaio, produzido pela TV Cultura, em que o espectador não escuta as perguntas mas somente as respostas dos entrevistados. Tudo está montado no Estúdio Marista (Apipucos), onde quatro câmeras - uma em travelling e três fixas estão instaladas.
Cineasta premiado e autor de quase 20 curtas, esta é a primeira incursão de Cavalcante na linguagem televisiva. Antes disso, já havia sido contratado para dirigir o programa Assombrações do Recife Velho. De acordo com ele, há fôlego para novas temporadas da série que estreia em maio. Marcelo Gomes, Paulo Caldas e Adelina Pontual já confirmaram participação.
(Diario de Pernambuco, 01/02/2011)
As gravações começaram ontem, tendo como convidados o cineasta Fernando Spencer e Jomard Muniz de Brito. Eles foram entrevistados por jornalistas, críticos e colegas de geração, como é o caso de Celso Marconi. Hoje é a vez dos diretores Kátia Mesel e Lírio Ferreira. Até sexta-feira, serão Kleber Mendonça Filho, Marcelo Lordello, Marcelo Pedroso, Daniel Bandeira e Simião Martiniano, o camelô-cineasta.
"Nosso estado tem um cinema muito forte, em evidência, muito visto e premiado, mas os realizadores não são", diz Cavalcante. "O objetivo é promover uma grande retrospectiva da vida desses autores, aproximá-los do público, para que se tenha contato com seus processos criativos. Isso é algo urgente, que precisa ser transmitido pela TV. E ainda mais importante como registro para a posteridade".
Na gravação de ontem, Fernando Spencer narrou episódios remotos de sua vida, como o projetor que ganhou do pai quando criança e as primeiras sessões de cinema no bairro de Casa Forte. O período de quatro décadas em que trabalhou como repórter e editor no Diario foi lembrado com especial emoção. E revelou estar com um livro pronto, pronto para ser publicado: O viajante da fantasia.
O formato de OLHAR remete ao programa Ensaio, produzido pela TV Cultura, em que o espectador não escuta as perguntas mas somente as respostas dos entrevistados. Tudo está montado no Estúdio Marista (Apipucos), onde quatro câmeras - uma em travelling e três fixas estão instaladas.
Cineasta premiado e autor de quase 20 curtas, esta é a primeira incursão de Cavalcante na linguagem televisiva. Antes disso, já havia sido contratado para dirigir o programa Assombrações do Recife Velho. De acordo com ele, há fôlego para novas temporadas da série que estreia em maio. Marcelo Gomes, Paulo Caldas e Adelina Pontual já confirmaram participação.
(Diario de Pernambuco, 01/02/2011)
Líderes da Tropa no Recife
José Padilha e Wagner Moura virão ao Recife em abril, como convidados de honra do Cine PE - Festival do Audiovisual. A homenagem, informa o produtor Alfredo Bertini, pode incluir uma retrospectiva de filmes do diretor e também do ator.
"Depois de baterem todos os recordes, nada mais justo que sejam homenageados como a maior referência da história do cinema brasileiro", diz Bertini, que estuda a possibilidade de potencializar a presença do diretor de Tropa de Elite para promover uma discussão sobre cinema político.
Também estão confirmadas a homenagem aos 15 anos do longa Baile perfumado, de Lírio Ferreira e Paulo Caldas, e aos dez anos do programa de TV Revista de Cinema. 2011 também marca os 15 anos do Cine PE e outras novidades podem vir por aí.
Inicialmente anunciada para o período entre 2 e 8 de maio, o evento teve a data da realização antecipada para 30 de abril a 6 de maio, no Centro de Convenções. O lançamento oficial para a imprensa será dia 12 de abril, no Rio de Janeiro. Bertini também considera que o Parque Dona Lindu possa abrigar parte da programação, mas a possibilidade de acontecer novamente no Cine São Luiz não está descartada. "O Dona Lindu seria uma boa opção, tem um teatro com 1200 lugares. Já solicitei agenda com o prefeito, assim como o novo secretário estadual de cultura, Fernando Duarte".
Os planos de estabececer laços com o cinema italiano em parceria com a Câmara de Comércio Brasil-Itália não decolaram na edição anterior, mas continuam, no convite feito a três realizadores e um organizador de festival. Há também uma possível ponte africana através de um acordo com Angola. "Estamos fechando uma assessoria para um festival em Luanda, com chances de um acordo mais amplo para ser assinado pelos dois países", revela Bertini.
As inscrições para o Cine PE se encerram hoje. Apesar disso, Bertini estendeu o período para a submissão de longas, pois várias produções ainda não foram finalizadas. E ressalta as boas vindas para que realizadores pernambucanos que produziram longas em 2010 inscrevam seus filmes: Cláudio Assis, Paulo Caldas, Marcelo Gomes, Kleber Mendonça. "A porta está aberta", garante o produtor.
(Diario de Pernambuco, 31/01/2011)
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