sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
Missão: impossível – Protocolo fantasma
A cada cinco anos, Mission: impossible gera um novo tomo. Fã declarado da serie original, Tom Cruise diz que assumiu a produção desde a primeira parte da franquia porque ninguém estava fazendo filmes de ação da maneira que ele gostaria. Ou talvez que não o evidenciasse tanto como herói infalível. Em Missão: impossível - Protocolo fantasma, ele posa até de James Bond, um 007 norte-americano, elegante e sem sutilezas.
A primeira novidade é o upgrade tecnológico. Várias referências à antiga série estão no novo filme, como a missão recebida via telefone público. Só que desta vez, a clássica autodestruição da mensagem ocorre somente após um empurrãozinho do astro, condescendente com os métodos antigos, apesar do parabrisa touch de sua BMW futurista. iPads, iPhones e iMacs surgem a rodo, diz o diretor Brad Bird, sem que a produção recebesse um centavo da Apple.
Missão: impossível – Protocolo fantasma estreia com o mundo em ebulição: Europa em crise econômica, Rússia e Oriente Médio em enfrentamentos políticos. No entanto, o pano de fundo do filme se reduz à nostálgica guerra fria. A missão da vez é impedir o extermínio nuclear, a partir de códigos escondidos nos subterrâneos do Kremlin. Tomado pela insanidade, um agente está determinado a deflagrar uma bomba atômica.
Geralmente o IMF (Impossible Mission Force) age sem a chancela oficial da Casa Branca. Acaso capturados, o governo nega conhecimento de suas ações. Agora o grupo atua por conta própria, pois perde qualquer relação com os Estados Unidos, após o incidente em Moscou.
Envolvido em trama tão retrô, Cruise arrisca não atingir o upgrade mais cobiçado: o de sua imagem como astro de ponta. Mas ele se esforça. Para impedir o desastre, encara desafios como escalar o prédio mais alto do mundo, em Dubai. Para depois descer correndo, na vertical. Leva tiros, enfrenta o fundo do mar, explosões, carros que capotam em tempestade de areia.
Na série televisiva dos anos 1970, o foco estava no trabalho em grupo, capaz de superar as mais difíceis missões. Espetacular e inverossímil, a franquia se esforça para equalizar esse mesmo equilíbrio, mas a ação sempre gira em torno de Cruise, que pilota carrões e contracena com musas como parceira boa de briga Paula Patton e a femme fatalle Léa Seydoux, espiã mercenária que atira com elegância de passarela.
A via é de mão dupla. Enquanto valoriza destinos turísticos do mundo, Cruise traz para si a exuberância arquitetônica das cidades, reduzidas a um adorno para a sanha auto-afirmativa de personificação do sucesso. Tudo arriscado, excitante e resolvido no ultimo minuto. Como culto a Cruise e entretenimento sem compromisso, é bom programa. Convém não esperar mais do que isso.
(Diario de Pernambuco, 23/12/2011)
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2 comentários:
Putz Dib, fui ver o MI 4, prediozão e tal, mas na saída do cinema tinha um cartaz do Espião que Sabia de Mais, Gary Oldman olhando na cara...filme de espionagem mesmo vai tá ali.
Giuliano
Assisti ontem ao trailer de O espião, Giuliano, pode ser bem mesmo esse filme. Vamos ver.
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