sexta-feira, 6 de julho de 2007

JAL escreve sobre Conceição Cahú, desenhista homenageada pelo HQMix 2007



No site da Associação Brasileira de Imprensa há um texto sobre Conceição Cahú escrito pelo cartunista José Alberto Lovetro (JAL), um dos fundadores do Troféu HQMix, em virtude de seu faleximento, em dezembro de 2006. Cahú será homenageada na cerimônia de entrega do prêmio, neste dia 11.

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Conceição Cahú, mulher rendeira no traço
22/3/2007

Aquela garota de Floresta do Navio, Pernambuco, que jovem foi para Recife estudar Belas Artes, já estava predestinada a marcar sua vida nas artes gráficas. Aos 25 anos chegava a São Paulo onde, além de ilustradora, quadrinhista, caricaturista e chargista, emprestou sua arte para as questões sociais e políticas.

Admiradora de Prestes, criou cartazes para o movimento comunista, o movimento feminista e a favor de um país socialmente mais justo para com seu povo. Suas armas foram as aquarelas e pincéis. Seu estilo bico-de-pena, com pontilhamento preciso, pode ser considerado o melhor dentre os ilustradores brasileiros e até na esfera mundial.

Uma verdadeira mulher rendeira do traço, com a paciência e esmero que lhe eram comuns. Rendas, mas não as rendas de linha e sim as da área econômica. Seu trabalho na Gazeta Mercantil colocou-a em lugar de destaque entre as poucas mulheres chargistas em todo o mundo. Nada comum para uma desenhista. Mas Conceição Cahú não tinha nada de comum mesmo.

Além de seus quase 30 anos na Gazeta Mercantil, publicou na revista Placar, criava e desenhava os figurinos para o Carnaval da Escola Pérola Negra, fez ilustrações para a Folha de São Paulo, Companhia das Letras, Revista Fiel Torcida (Corinthians), Cláudia, Playboy, Capricho, Jornal da Tarde, Visão DCI e diversas outras revistas e jornais. Premiada pelo Salão Internacional de Humor de Piracicaba na categoria de quadrinhos em 1992, e expondo seus quadros a óleo sobre a arte dos índios de pintar o corpo, a artista virou uma referência em qualquer técnica possível sobre papel e tela.

Pode se dizer que Maria da Conceição de Souza Cahú mostrou porque veio a esse mundo e sua partida nesse final de 2006, depois de enfrentar uma doença cruel, só nos faz pensar em como o céu será mais pontilhado daqui por diante.

Nascida em 1949, nos brindou com uma vida retratando personalidades do setor empresarial e político, mas, ao mesmo tempo retratando a luta dos negros, das mulheres, das crianças de rua, dos índios, do carnaval e do futebol.

Falar de Cahú é sempre menos que mostrar sua arte.

2 comentários:

Lê Santôsha disse...

Ótimo esse blog, André!!! Por aqui chegam pérolas que a gente, não tendo o mundo dos quadrinhos como prioridade, desconhece; e que são tão representativas no que diz respeito à comunicação.
Conceição Cahú merece demais a homenagem.
Muito bom saber dela.
Bjão.

Andre Dib disse...

Lêda, sempre bom receber teus comentários. Dá mais evergia para continuar. Volte sempre, você é de casa. Um beijo.