quinta-feira, 26 de julho de 2007
Tela Grande (em cartaz): "Uma Mulher Sob Influência", de John Cassavetes
Dos filmes em cartaz na Fundação (ver programação abaixo), assisti "Uma Mulher Sob Influência", de John Cassavettes, e recomendo para quem gosta de um cinema intenso e não-convencional. Acima de tudo, o filme é um forte libelo em prol da antipsiquiatria, que na época (anos 70) se firmava como réplica da contracultura para o entendimento da loucura como construção social.
Rodado em 1974, o filme tem seqüências longas e sem cortes, quase inteiramente sustentado pela impressionante atuação de Peter Falk e Gena Rowlands, interpretando um casal em conflito provocado pelas excentricidades da esposa, e a consequente reação dos parentes e amigos.
O marido não se importa com o fato dela ser diferente do que se espera de uma mulher "normal". Muito menos as crianças. Apesar disso, após descobrir que ela trouxe outro homem para a cama, concorda em submetê-la a um tratamento hospitalar à base de eletrochoque. Uma vez terminado o "tratamento", a esposa volta recebida pelos parentes (e o médico da família), ansiosos por julgá-la apta ou não no excercício da moral e bons costumes. A mulher se esforça: diz para si "não se emocione demais" e pergunta ao marido se "está se saindo bem" na mesa de jantar.
O que fica evidente é que, sem o amor do marido e dos filhos, a mulher de Cassavettes estaria há muito tempo trancafiada na casa dos loucos. E não seria o destino de todos nós, sem a compreensão de quem amamos?
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