A psicanalista, escritora e crítica literária Maria Rita Kehl está no Recife para participar de uma sessão de cinema bastante especial. Será hoje, às 14h, no auditório do 1º andar do Hospital Barão de Lucena, bairro da Iputinga. No programa está o longa argentino XXY (2007), de Lucía Puenzo, sobre uma garota que nasceu com ambas as características sexuais e precisa fugir para o interior do Uruguai e escapar dos autoridades médicas, que querem “corrigi-la” cirurgicamente. A entrada é franca.
Desde outubro, a produtora cultural Isabela Cribari vem promovendo sessões no Barão de Lucena, na intenção de trabalhar as relações entre cinema e saúde. Como diretora de cultura da Fundação Joaquim Nabuco, ela já vinha fazendo o mesmo em escolas públicas com o Cine-educação. “A ideia é valorizar o hospital como local para refletir multidisciplinarmente, um lugar de hospitalidade, não de doença, mas de vida”, diz Isabela. “Não se trata apenas de passar filmes, mas de como esses filmes podem ajudar na formação de profissionais e intermediar o tratamento das pessoas. Vejo a cultura como elemento central nesse processo”.
Para isso, Isabela optou por filmes contemporâneos que possam ter função terapêutica, sem abrir mão do valor cinematográfico. A programação é inspirada em casos práticos vividos no Barão de Lucena. Ricky, de François Ozon, inaugurou o projeto inspirado em mãe que teve dificuldades de lidar com o filho. Para falar sobre o filme foi chamado o cineasta Leonardo Sette e a psiquiatra Suzana Boxwell. Para falar sobre A criança, dos irmãos Dardenne, foram convidados o professor e crítico de cinema Alexandre Figueirôa e a psicanalista Paula Rocha, especialista em autismo infantil e fundadora do Centro de Pesquisa em Psicanálise e Linguagem. XXY, conta Isabela, apareceu de um caso raro, que tem gerado mobilização dos médicos. Todos os filmes tiveram os direitos liberados por sua distribuidora no Brasil, a Imovision.
Esta é a primeira sessão do cinema no hospital em 2012. O objetivo é, com as parcerias certas, promover exibições diárias com equipamento de projeção próprio, além de formar um acervo próprio e promover outras atividades, como oficinas de literatura. Artistas, produtores, pesquisadores e demais interessados estão convidados a participar.
(Diario de Pernambuco, 02/02/2012)
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