Já se vão 40 anos desde que a batmania conquistou o mundo. A época era propícia. Se nem os vampiros escaparam da comédia, no excelente A Dança dos Vampiros, de Roman Polanski, que dirá Batman, o morcego que anda com a sunga por cima da calça? É bom lembrar: nos anos 30, Bob Kane e Bill Finger criaram o personagem em homenagem ao conde Drácula. Batman era pra dar medo, e não risada.
Mas o ano era 1966, e os ícones da telinha eram os Beatles e James Bond. Quando Batman entrou no ar, a TV ficou repleta de onomatopéias, geringonças de plástico, vilões com planos mirabolantes e piadas infames. Com exceção dos autores, ninguém acreditou que a fórmula faria sucesso. Nem mesmo os chefões da rede ABC, que só transmitiram a primeira temporada porque o pacote já estava pago e anunciado em rede nacional. Ficaram sem entender como algo tão ridiculamente mal feito virou febre. Claro que o comentário não vale pra Yvone Craig, a pin up que fez a Bat-moça...
Para comemorar a data, a Opera Graphica acaba de lançar SOCK! POW! CRASH!, um livrão de 320 páginas com fotos raras, biografias, bastidores, análises e a ficha técnica dos 120 episódios, mais o longa metragem para o cinema, além de um panorama da cultura pop e costumes da década de 60, no Brasil e nos EUA. Assinado pelo pesquisador Jorge Ventura, o livro ainda traz estatísticas bizarras como o fato de Burt Ward, o Robin, ter exclamado “santo isso!” ou “santo aquilo!” (algumas vezes adaptado para o português como “santo fumacê!” e “santa xaropada!”) exatas 347 vezes.
E este foi o maior sucesso comercial dos quase 70 anos do personagem. Nem mesmo os filmes de Tim Burton, as HQs de Frank Miller (que na continuação do Cavaleiro das Trevas também apelou pra comédia) ou a série animada dos anos 90 conseguiram alcançar a façanha. A marca Batman se multiplicou em milhares de bugigangas. E tome bat-brinquedos, bat-sapato, bat-achocolatado... Saca só: Até nosso Abelardo Barbosa, o Chacrinha, entrou na onda e fez mais de um programa vestindo o bat-uniforme!
É desesperador - por mais profundidade psicológica que o personagem tenha atingido em seus 70 anos, o Batman mais lembrado ainda é vivido Adam West (hoje com 78 anos): um bobo alegre, munido do famigerado cinto de utilidades (que inclui até mata-moscas e espanador de pó), bat-cóptero, bat-lancha, e ainda corre ao som de “parara-rara-rara-rara Bat-man”! Na tentativa de dar alguma dignidade isso tudo, a série foi postumamente classificada como “Camp”, estética onde tudo é artificial, exagerado, e a ironia surge travestida de falsa seriedade. Santa filosofia, Batman!
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