domingo, 21 de janeiro de 2007

300 heróis de verdade


Homem Aranha 3, Motoqueiro Fantasma, Quarteto Fantástico e Surfista Prateado... entre tantos heróis dos quadrinhos a invadir o cinema este ano, haverá espaço para 300 guerreiros contra centenas de milhares de persas em 580 A.C.? O roteirista, desenhista e diretor de cinema Frank Miller aposta que sim. Isso porque a adaptação de seu Os 300 de Esparta deve ser a primeira produção baseada em quadrinhos a chegar às telas neste ano. Quem assistiu ao trailer, disponível em http://300themovie.warnerbros.com/ , já viu que a adaptação impressiona pela semelhança estética com a HQ, sem deixar de ser o que convencionamos chamar de filme – no caso, um épico pra ninguém botar defeito.

Na direção está Zack Snider (Madrugada dos Mortos) que, sem medo de dar a cara a tapa, também assumiu assinar Watchmen, a epopéia em quadrinhos de Alan Moore, há pelo menos 10 anos cobiçada por Hollywood.

O elenco é formado por atores quase desconhecidos. Para os brasileiros, entretanto, há um nome bem popular interpretando Xerxes, o imperador da Pérsia: nada menos do que Rodrigo Santoro...!!

O filme estréia em março nos EUA e, como prévia, a Devir Livraria relançou Os 300 de Esparta no formato horizontal 33x24, papel couché e capa dura, no que está sendo anunciado como a edição definitiva do épico. O formato das pranchas deu ao livro o aspecto de tela de cinema, o que faz dos desenhos de Miller e das cores de Lynn Varley uma provocação a mais na expectativa em torno do filme.

Bog of Beasts

Em primeira mão para os leitores do Quadro Mágico, o desenho de divulgação do premiado Baixio das Bestas, a ser exibido em Recife provavelmente em abril, durante o festival Cine PE:



Assinado pelo artista olindense Paulinho do Amparo, é bem provável que este também seja o desenho do cartaz oficial. Além disso, Paulinho é responsável pelo storyboard e pela arte de divulgação do novo filme de Cláudio Assis (Amarelo Manga). Há pelo menos 200 camisetas serigrafadas em circulação pelo país, além de cartazes para os festivais de Brasília e Rotterdam, onde concorre em fevereiro, singelamente traduzido como Bog of Beasts.

Antes que as organizações feministas se mobilizem contra a cena acima, é bom explicar que uma das histórias do longa é a de um avô latifundiário que escraviza a neta sexualmente. Apenas mais uma história do ancestral interior de Pernambuco...

Um Will Eisner engajado


Eu era um menino, e meu pai, um imigrante libanês, alertava sobre o plano do “sionismo internacional” para dominar o mundo, ao posicionar judeus em cargos de decisão nos governos e meios de comunicação. Nunca mais pensei nisso, até estes dias atrás, quando li O Complô – a história secreta dos protocolos dos sábios de Sião, derradeira obra de Will Eisner (1917-2005). A HQ é resultrado de uma pesquisa de 20 anos que, sem querer, virou um minucioso e angustiado legado pós-morte.

Problemas no comportamento humano como a intolerância e o fanatismo sempre foi o seu tema preferido, e muito bem trabalhado em Um contrato com Deus, O edifício, Pequenos milagres, Avenida Dropsie, só para citar alguns títulos. A perseguição vivida pelos judeus, no entanto, só encontra precedente em Fagin, o Judeu, onde Eisner analisa a forma como a literatura trata o anti-semitismo, a partir de um personagem de Oliver Twist.

Os protocolos dos sábios de Sião é um livreto editado em vários países (inclusive o Brasil), surgido pela primeira vez em 1905, quando serviu para justificar a perseguição judaica na Rússia Czarista. Certo da falsidade deste manual judeu para a supremacia global, Einser alimentou a esperança de que, uma vez em quadrinhos, o alerta ganhasse mais força.

Sem talvez perceber que os árabes, seguramente o povo mais perseguido do século 21 (inclusive por Israel), sofrem hoje da mesma perseguição: provas falsas contra uma minoria com histórico de rejeição, para justificar uma conduta desumana. Mudam os atores, mas a história se repete...