sexta-feira, 10 de novembro de 2006

O nome dele é Robert Crumb...



...e ele acaba de lançar a sublime compilação “R. Crumb’s Heroes of Blues, Jazz & Country”, em que o cartunista underground mais cultuado das galáxias desenha seus ídolos da música. O livro inclui introdução de Terry Zwigoff (músico, cineasta e amigo das antigas), e um CD bônus com uma seleção de 21 oldies originalmente gravadas entre 80 e 100 anos atrás. Babou? Ta fácil. Tem no Amazon.com, por US$ 13.

Quem conhece um pouco de Robert Crumb sabe que o velhinho que hoje mora no sul da França sempre desprezou/odiou o comportamento rock’n’roll. Apesar de ter flertado com a lisergia do fim dos anos 60 e produzido capas de discos para Janis Joplin e Rolling Stones, sua viagem sempre foi jazz e blues, mais especificamente, dixieland, bluegrass, hillbillie, bebop e derivados.


A série foi desenhada nos anos 80, quando Crumb decidiu fabricar séries de 36 cartões colecionáveis retratando na frente, e biografando no verso, músicos que ouve apaixonadamente na sua famosa coleção de discos de 78 RPM. Pra se ter uma idéia, os nomes mais “conhecidos” são “Bix” Beiderbecke, Blind Willie Johnson (recentemente biografado por Wim Wenders na série de documentários The Blues), Big Bill Broonzy, Bennie Goodman, Fats Waller e Duke Ellington.


Os demais despertam, no mínimo, curiosidade antropológica: que tal o som de Barbecue Bob, Memphis Minnie ou Uncle Dave Macon and his Fruit-jar Drinkers? Em uma só palavra: cool!

Scorsese, Wenders, Almodóvar...

Não é sempre que a programação de cinema do Recife se dá ao luxo de oferecer, ao mesmo tempo, os novos filmes de Pedro Almodóvar, Martin Scorsese e Wim Wenders – respectivamente, “Volver”, “Os Infiltrados” (ambos no circuito comercial) e “Estrela Solitária” (somente no Apolo). Assisti “Os Infiltrados” (The Departed), e fiz uma lista com alguns motivos que o tornam imperdível, se você gosta de cinema com C:



1. É a volta magistral de Scorsese ao universo gângster, demarcado em 1990 com “Os Bons Companheiros”;

2. Jack Nicholson, pela primeira vez nas mãos de Scorsese;

3. Poesia pop de primeira grandeza: ouvir a melancólica Let it Loose, dos Rolling Stones, tocar num bar pulguento de um bairro escuro, enquanto um decadente Nicholson, o godfather do crime local, bebe sentado no balcão. Já integra a enciclopédia audiovisual contemporânea;.

4. Jack Nicholson batendo em Leonardo Di Caprio;

5. Mark Whalberg batendo em Leonardo Di Caprio;

6. Matt Damon batendo em Leonardo Di Caprio (e vice-versa);



Por fim, três comentários fúteis:

1. O filme se passa em Boston, Massachussets, mas parece Nova York. Por que será?;

2. Di Caprio vem sendo chamado de “o novo Robert de Niro”, já que estrela as três últimas produções do padriño Martin. É mole?; e, por fim,

3. Não recomendo “Os Infiltrados” para celular-fóbicos. Os aparelhinhos quase aparecem mais do que os atores, e são mais decisivos na trama do que a maioria das pessoas. Tem personagem que morre em sangue, e não solta o telefone de jeito nenhum...

Chegou o rock´n´roll!!


Não se sabe quando estréia no Recife o divertido “Wood & Stock – sexo, orégano e rock’n’roll”, a animação do gaúcho Otto Guerra baseada nos personagens de Angeli. Quem assistiu sua estréia nacional, durante o Cine-PE deste ano, sabe que o filme não é careta, não. Ao contrário, é uma homenagem à altura – e tiração de onda no estilo “O Grande Lebowsky” (como bem lembrou o crítico Kleber Mendonça) – à cada vez mais distante geração flower power.


Quem ainda não assistiu, pode ir matando a larica ouvindo a trilha sonora, recém-lançada pela carioca DeckDisc. No mesmo CD, tem a velha guarda tresloucada muito bem representada por Rita Lee, Arnaldo Baptista, Novos Baianos e Tom Zé, e os novos doidões psicodélicos do Mopho, Flu (ex-De Falla) e o recentemente nomeado cidadão recifense Júpiter Maçã. Ou nas lojas, ou para download em www.deckpod.com.br.

E tem mais novidade no front sulista de animação. Além de estar em viagem por festivais da Europa com “Wood & Stock”, onde venceu na categoria melhor longa de animação no Animacor, em Córdoba, Otto Guerra acaba de ser contemplado pelo BNDES para produzir o musical animado “Fuga em ré menor para Kraunus e Pletskaya”. “Desta vez com censura livre, pra variar um pouquinho”, brinca a produtora executiva Marta Machado, já que não teve jeito – "Wood & Stock" foi censurado para menores de 18 anos. Por que será...?