quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Gramado // Bons curtas na noite de terça

Os curtas mostraram força na noite de terça-feira em Gramado. Vento (SP), de Marcio Salem, o mais estilizado de todos, é sobre a fantasia de um menino em ser super-heroi e salvar a mãe numa cidade em que o vento acabou. Com participação de Otto e figurino de Joana Gatis, o filme tem cenários artificiais e objetos à moda antiga, que lembram Tim Burton, e personagens tão estranhos quanto os dos irmãos Coen. E isso pode ser tão bacana quanto um problema. Outro paulista, Pimenta, de Eduardo Mattos, trata da importância do pai para o filho, um menino maltratado pelo irmão mais velho. Bonito.

Os outros dois curtas são veteranos no circuito de festivais. Conto singelo sobre a liberdade que surge da união, o baiano Carreto, de Cláudio Marques e Marília Hughes foi bem recebido em Gramado. Pela primeira vez em casa, o gaúcho Amigos bizarros do Ricardinho (melhor ator e montagem no Cine PE) se passa numa agência de publicidade, onde o estagiário entretém os colegas com casos estranhos e engraçados e com isso quase perde o emprego. Personagem da vida real, Ricardo Lilja esteve na sessão e disse ao Diario que tudo o que está no filme é verdade. O diretor, Augusto Canani, foi um dos que receberam um e-mail com histórias do Ricardinho. Hoje, elas também são contadas no Twitter: @amigosbizarros.

Os longas em competição foram Historia de um dia (Venezuela), de Rosana Matecki e Contestado – restos mortais, de Sylvio Back. Documentário “sensorial”, sem palavras, o primeiro tenta extrair poesia ao registrar os costumes de um povoado rural, dividido entre os afazeres do dia e a religiosidade. Quarenta anos após filmar a ficção A guerra dos pelados, Sylvio Back volta ao tema e desafia a platéia com um filme de duas horas e meia com depoimentos de especialistas e moradores da região onde aconteceu o massacre do Contestado, de acordo com o diretor, “um conflito submerso que está sumindo de nossa historiografia”.

Entrevistas com médiuns que incorporam caboclos, jagunços e soldados mortos em combate podem ser questionáveis enquanto documento, mas dão ao filme um necessário contraponto emocional à grande quantidade de informações levantadas e ao importante levantamento de imagens de arquivo.

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