domingo, 4 de abril de 2010

Mestre Vitalino também foi criança



Um livro ilustrado com memórias de infância de Mestre Vitalino será lançado em breve pela Fundação Joaquim Nabuco. Voltado para as crianças, mas longe de se restringir a essa faixa de leitores, Vitalino menino tem 40 páginas e deve ser lançado em maio. Ele faz parte de uma nova coleção concebida pelo Museu do Homem do Nordeste intitulada Brincadeiras de Mestres, que adapta para o formato a infância de artistas da cultura popular. Os próximos serão sobre Patativa do Assaré e Mestre Bimba, criador da capoeira regional.

João Lin, que ilustra o volume de estreia, explica que a infância de Vitalino está representada a partir de suas peças de barro mais emblemáticas. Em páginas duplas, episódios de sua vida são contados de forma não linear, diferente das biografias tradicionais. "A peça do Gato Maracajá, a primeira que Vitalino teve consciência de que podia criar e comercializar, ele fez pensando nas caçadas que o pai fazia".

Parte das passagens foram baseadas em relatos e depoimentos do próprio Vitalino ou de pesquisas sobre ele, encontrados em arquivos de texto, áudio e vídeo disponíveis no acervo da Fundaj. As demais, foram criadas a partir da livre interpretação de Lin, ao lado do designer Rodrigo Sushi e do poeta Valter Ramos, responsável pelo texto final, de acento popular. "Não encontramos nenhuma história sobre a peça do Batismo, disponível na Fundaj. Então inventamos uma, em que ele é o batizado", diz Lin, que teve como assistente para as ilustrações o desenhista Rafael Anderson. O livro, que tem tiragem de 3 mil cópias, deve ser comercializado a R$ 10.

Vânia Brainer, coordenadora geral do Museu do Homem do Nordeste, diz que o projeto conseguiu definir uma unidade entre o traço de João Lin e a forma dos bonecos de Vitalino. "Ficou tão interessante que até os adultos estão encantados". O know-how de Lin, que em 2009 assinou os cinco primeiros volumes da série Pequenos craques (Editora Callis) reforçou o interesse da instituição em dar o pontapé inicial do novo projeto convidando o desenhista.

"Entre outros, contei a infância de Garrincha e João do Pulo, do momento do nascimento à adolescência. Só que de forma mais cronológica. Com Vitalino, tive mais liberdade para fragmentar a narrativa e fantasiar a partir do desenho das peças. Penso nas histórias como uma grande tela, que traz uma ilustração ou narrativa de quadrinhos", diz Lin, que em outro episódio utiliza da mistura dos dois gêneros das artes gráficas para contar a história do Lobisomem a partir de imagens oníricas da noite de lua cheia. Ele também adianta que Vitalino menino pode render produtos derivados, como um desenho animado.

(Diario de Pernambuco, 04/04/2010)

Nenhum comentário: