segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Super-heróis também pulam carnaval


Na noite de sábado, uma das prévias mais disputadas do carnaval pernambucano rendeu uma festa de primeira linha. Uma olhada na fila do banheiro e lá estão Amy Winehouse, Mulher Gato, uma guerreira espartana e uma índia Xucuru, o que nos dá a certeza de que, se ainda não estamos bêbados, estamos na prévia do bloco Enquanto Isso na Sala da Justiça. A maior concentração de pessoas vestidas de super-herói do mundo começou pelas 21h, mas somente às 23h a Orquestra Contemporânea de Olinda fez as honras de abrir alas para uma festa que só terminaria às 6h, ao som da Escola de Samba Preto Velho.

Enquanto a Orquestra Contemporânea de Olinda providenciava o tempero local em show com três músicas inéditas, e algumas provocações envolvendo times de futebol, uma volta pelo pavilhão do Centro de Convenções deu a entender que a festa não é só para super-heróis e vilões. Entre óbvios (e muitas vezes capengas) Batmans e Homens-aranha, havia criativas fantasias de Tetris (o jogo de encaixar tijolos), Indiana Jones, Jesus Cristo Superstar, Tetrahidrocanabinol (o THC, princípio ativo da maconha), e um agrupamento de guerreiros medievais, provavelmente à espera dos "Cavaleiros que dizem Ni" (bem ao estilo do filme Em busca do cálice sagrado, de Monty Phyton).

Um inesperado blecaute assolou o Complexo de Salgadinho, parou a festa por poucos minutos - e os famigerados acessórios fluorescentes finalmente mostraram a que vieram, salvando cangaceiros, sushimen, vendedores de cachorro quente e Freddie Kruger da escuridão total.


Fabinho Trummer atacou de DJ após o show da Orquestra, e outra volta pelo salão revelou boas fantasias, pinçadas a dedo: alguns Coringas de Heath Ledger, um Darth Vader, policiais do Bope e uma versão decadente para Maradona. Os X-Men também marcaram presença, com Tempestade, Ciclope e Wolverine. Uma das melhores fantasias foi produzida pelo administrador Alexandre S. Ferrer, 23 anos. Ele encarnou Rorschach, o perturbado anti-herói de Watchmen, antecipando o filme que estreia em março. "Fiz a máscara com uma camiseta e tinta de pincel atômico. Ela e o sobretudo esquentam. Faz calor mas vale a pena porque é só uma vez por ano", disse Ferrer. Outra fantasia caprichada foi a do consultor de vendas Vinicius Leonardo, 25 anos, que atacou de Dr. Octopus com tentáculos feitos de lanternas, conduítes e garrafas pet.

Quando o coletivo paulistano Instituto subiu ao palco com o projeto Tim Maia Racional, muita gente já esperava o melhor show da noite. Na linha de frente, montada por B.Negão, Thalma de Freitas e Carlos Dafé, só faltou baixar o próprio Tim. "Minha barriga já é uma fantasia de Tim Maia", brincou o rapper B Negão antes de subir no palco. Com repertório de pérolas como Que beleza, O caminho do bem e Ela partiu, podemos definir o momento mais especial da noite com um termo usado por B.Negão: "classe".

Por volta das 3 da manhã, a aguardada presença de Jorge Benjor e Banda do Zé Pretinho não decepcionou, apesar do som demasiado estridente e do esquema pout-pourri adotado por Benjor nos últimos anos. Seria na base do piloto automático, não fosse a benção das canções setentistas A minha menina, Mas que nada, Chove chuva e Que maravilha.

Dos camarotes do primeiro andar a visão era bonita. O público, algo em torno de 10 mil pessoas (de acordo com a organização, mas há quem diga que atingiu os 15 mil pagantes), encontrou uma festa bem organizada, sem confusão, banheiros limpos e cerveja gelada. "Começamos no tamanho P, nos tornamos M, e se a prévia virar G a gente ocupa o outro lado", comemorou o DJ Bahiano, um dos organizadores do bloco.

Para ele, a opção por profissionalizar as atividades foi uma questão de acompanhar um novo momento para a Sala da Justiça, que começou em 1995 no quintal de amigos em Olinda, e passou pelo Clube Atlântico, Biblioteca de Olinda, Mercado Eufrásio e a Fábrica Tacaruna, considerado até hoje o melhor endereço. A saída do bloco durante o carnaval continua no mesmo bat-dia e bat-local: próximo domingo, às 10h, do Alto da Sé.

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