sábado, 10 de abril de 2010

O que resta do tempo, de Elia Suleman - memória é apenas ponto de partida para criação de um belo filme



O Cinema da Fundação traz de volta à cidade O que resta do tempo (The time that remains, 2009), do realizador palestino Elia Suleman (Intervenção divina).

Este belo filme representa as memórias da vida de Suleman, da infância à maturidade. A fita começa antes mesmo dele nascer, quando Israel ocupou território palestino em Jerusalém, dando aos palestinos a opção de se mudar ou permanecer na terra natal, sob forte opressão. Em determinada sequência, crianças árabes cantam músicas judaicas, como demonstração de que estão sob regime democrático. Em outra, o pequeno Elia é reprimido pelo diretor da escola por dizer que os americanos são colonialistas.

Os eventos estão conectados com liberdade poética necessária para organizar lembranças afetivamente, sem compromisso científico. Por isso, cenas se repetem com pequenas mudanças, dando a entender estamos no limite que separa a autobiografia da autoficção. O território é da memória, mas o sentido se costura no presente. E hoje, o que poderia estar perdido no tempo está instalado na alma dos herdeiros da violência.

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